Por Joana Varela
Todos os anos, durante a época natalícia, várias cidades portuguesas embelezam as ruas com as decorações e apostam fortemente na iluminação, dando um brilho especial às noites de Inverno. A cidade de Portimão não foi excepção e os moradores da zona mostram-se orgulhosos perante estes investimentos decorativos, como é o caso de Maria da Conceição, que afirma que «cada ano que passa é melhor que o anterior em termos de decoração natalícia. As ruas estão muito bonitas, bastante iluminadas».
A Associação de Desenvolvimento Pró - Comércio de Portimão (UAC) foi a grande investidora, doando «cerca de 200 mil euros para esta iniciativa», segundo Paulo Cristóvão, morador de Portimão. «Foram colocadas luzes decorativas nas ruas principais e, na Alameda, um ringue de patinagem e uma árvore de natal de 30 metros. Além disso, todos os anos põem um cadeirão e uma passadeira vermelha para o Pai Natal receber as crianças», acrescentou.
Espectáculos Natalícios
Para além das decorações, Portimão é na época natalícia palco de vários espectáculos e atracções, como a animação «Cai Neve em Portimão», em que «uma máquina produz neve artificial deixando as ruas brancas», conta Rosa Lopes, actuações de ranchos folclóricos, entre muitas outras.
A população portimonense tem aderido ao espírito, como se pode constatar pelo ambiente em que se vive. Adriana Maia, uma jovem de 16 anos, observa que «Portimão está mesmo com o espírito natalício. Apesar da crise ainda conseguimos ver esta cidade sempre a inovar».
Por Ivan Cordeiro
A época natalícia paira no ar. É o tempo em que as ruas se enchem com luzes e decorações, pessoas, sacos correrias e espírito natalício, mesmo com o frio que marca a chegada do Inverno e a sua chuva. A Redacção 2.3 esteve em Vila Real de Santo António, antiga povoação de pescadores Santo António de Arenilha, para registar os hábitos e festividades vila-realenses.
Ainda a 27 de Novembro teve lugar a inauguração e iluminação da árvore de Natal com cerca de 30 metros de altura, na Praça Marquês de Pombal, bem como a abertura da pista de gelo e da tenda do Pai Natal. Nesta inauguração, que marcou o início das festividades, estiveram presentes muitos vila-realenses. A neve artificial, que, por mais um ano consecutivo, encheu o espaço com pequenos bagos de brancura, animou a multidão de crianças à espera do Pai Natal, que as recebeu de braços abertos dentro da sua tenda.
O centro da cidade possui diariamente várias actividades e iniciativas que contam com animação para os mais novos. Pelo que pudemos observar, a pista de gelo natural, com 200 m2, é a atracção mais procurada. Para além desta novidade, existem também outras animações, como insufláveis, carrosséis, música, ateliês infantis, karaoke e um comboio infantil que percorre várias ruas do centro urbano.
A cidade conta também com o presépio de Vila Real de Santo António que foi inaugurado no dia 6 de Dezembro e que permanece até dia de Reis. Situado no Centro Cultural António Aleixo, este presépio conta com cerca de 3500 figuras, algumas com movimentação, que sustentam a história e a tradição religiosa. Segundo responsáveis do Centro Cultural António Aleixo, no ano anterior recebera mais de 50 mil visitas.
Estas iniciativas são organizadas pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António em parceria com a Associação do Desenvolvimento da Baixa de Vila Real de Santo António.
Por Isa Mestre
«Afável, de trato fácil, calmo, decidido e sonhador», é assim que se caracteriza Rui Coimbra, atleta algarvio da selecção nacional de futebol de praia que recentemente arrecadou no Beach Soccer World Cup, no Dubai, um honroso terceiro lugar.
Nascido em Quarteira, no ano de 1986, Rui Coimbra estaria longe de imaginar que poderia vestir a camisola da equipa das “quinas”, sobretudo a jogar futebol de praia. É que antes de “pôr o pé na areia”, o jovem algarvio teve passagens por desportos tão diversos como o karting (onde chegou mesmo a sagrar-se campeão), a natação, o ténis ou a vela.
Em terra de pescadores, a paixão pelo futebol jogado na areia acabou mesmo por vencer. Rui Coimbra conta que «tudo começou em 2006, com um grupo de amigos» aquando da participação num torneio amador.
Na sequência desse torneio e dos jogos disputados como amador no ano 2008, viria a concretizar-se um dos maiores sonhos do jogador luso: a chamada à selecção nacional. Na altura, com apenas vinte e dois anos, Rui Coimbra afirmou-se como o primeiro algarvio no futebol de praia a experimentar tamanhos voos e tudo isso, diz, deve-o ao seleccionador Zé Miguel, que «considerou que eu tinha aptidões para integrar a selecção e começou a convocar-me para os estágios e treinos». Daí ao Dubai, o jogador garante ter sido «um pulinho», confessando que a convocatória para o campeonato do mundo foi «uma alegria enorme. Acho que é o sonho de qualquer jogador e eu não sou excepção. No fundo, ser convocado é como que uma recompensa por um ano de trabalho».
Quando questionado acerca da preparação para jogar futebol de praia num país como o nosso, Rui Coimbra desmistifica, afirmando que «ao contrário do que as pessoas pensam, que é só sol e praia, a preparação física é muito exigente e desgastante, em especial as pernas e os gémeos. Temos que treinar à chuva, ao frio, ao vento e nas condições mais adversas que se possa pensar.»
Em discurso franco e aberto, Rui Coimbra, confessa-se desiludido com a atenção prestada pelos governantes portugueses ao futebol de praia, afirmando que esta «está muito aquém daquilo que deveria ser», acreditando, no entanto, que «com o tempo o futebol de praia vai ter o reconhecimento que lhe é devido, como qualquer outra modalidade».
No que toca ao seu próprio reconhecimento enquanto profissional, o jovem jogador admite que o Algarve, enquanto região, lhe tem retribuído o esforço sobretudo «pela boca do povo», pelo orgulho da sua presença junto de grandes vultos do futebol de praia, como é o caso de Madjer ou Alan, companheiros de selecção no caminho do algarvio, naquela que é já uma carreira de sucesso.
Por Fábio Lima
Joaquim Agostinho, Marco Chagas, Alves Barbosa e, mais recentemente, José Azevedo ou Sérgio Paulinho são nomes que marcam claramente o panorama velocipédico nacional. Mas nunca o ciclismo português esteve tão bem representado na alta-roda internacional. E a altura em que surgem estas novidades é ainda mais surpreendente, pois vem na ressaca de uma Volta a Portugal marcada por imensos casos de doping, que até retiraram a vitória a Nuno Ribeiro. Apesar de tudo isso, cinco ciclistas de nacionalidade portuguesa irão representar equipas de topo do ciclismo.
A equipa mais portuguesa do pelotão internacional é claramente a RadioShack, comandada pelo mítico Lance Armstrong. Nas estradas, Portugal terá Sérgio Paulinho e Tiago Machado. No comando da equipa estará um dos melhores gregários de Lance Armstrong, José Azevedo. E na parte técnica estará o mecânico Francisco Carvalho. A figura da equipa é sem dúvida o sete vezes vencedor do Tour de France, Lance Armstrong, que aos 39 anos faz questão de mostrar que a idade não o impede de trepar as montanhas mais difíceis do mundo. Ao lado do texano estarão muitos ciclistas que vieram consigo da Astana. Entre eles figuram Levi Leipheimer, Andreas Kloden, Yaroslav Popovic ou mesmo Sérgio Paulinho. O português Tiago Machado trocou a Madeinox Boavista pelo conjunto americano. A comandar esta verdadeira constelação de estrelas, estará Johan Bruyneel, director desportivo durante as sete vitórias de Lance no Tour. Esta nova equipa tem como principal objectivo levar ao mundo a mensagem da fundação de Lance Armstrong, LiveStrong.
Ainda a falar português, a Caisse D’Epargne tem nas suas fileiras uma das maiores surpresas da última época – Rui Costa. O ciclista natural da Póvoa de Varzim logrou vencer os 4 Dias de Dunkerque e ficar no 3.º lugar na Volta a Chihuahua. O ciclista nacional terá a companhia de David Arroyo, Luís León Sanchéz e o chefe de fila Alejandro Valverde.
Ainda no Pro Tour, Manuel Cardoso será o mais provável chefe de fila da Footon Servetto, antiga Saunier Duval. O estatuto do ex-ciclista da Liberty Seguros confirma-se pelo seu calendário, tendo o Tour de France como objectivo. Com uma formação composta com jovens talentos, na sua maioria ex-amadores, a equipa pretende demarcar-se do passado de casos de doping de Iban Mayo, Riccardo Riccó e Leonardo Piepoli.
Olhando para as restantes equipas, muitas mudanças ocorreram. Para começar na nomenclatura, um terço das equipas Pro Tour mudaram de nome, outras foram criadas de raiz. É o caso da Team Sky, que até agora confirmou a contratação de Sylvian Calzati (ex- Agritubel), Nicholas Portal (ex-Caisse d’Epargne), Mathew Hayman (ex-Ra¬bobank) e Kurt Asle Arvesen (ex-Saxo Bank).
Uma das principais novelas do mercado do ciclismo terminou com final feliz: Alberto Contador permanecerá na Astana, tendo agora como companheiros de equipa Óscar Pereiro e Alexandre Vinokourov. A equipa cazaque sofreu uma grande reforma no elenco, com a saída de Haimar Zubeldia, José Luis Rubiera, Andreas Kloden ou mesmo de Sérgio Paulinho. Prevê-se que, para 2010, a aposta seja em talentos provenientes do país.
As duas formações francesas da elite, AG2R La Mondiale e a Française de Jeux, arriscam claramente na prata da casa, com a aposta em Stephane Goubert no caso da AG2R e em Christophe Le Mevel e Sandy Casar na Française de Jeux.
Bradley Wiggins, uma das surpresas do Tour 2009, ainda não tem equipa certa, mas prevê-se que se mantenha na Garmin-Transitions (ex-Garmin Slipstream), juntamente com Tyler Farrar. Na mesma situação de Wiggins, Ivan Basso deve ficar na Liquigas-Domio, que conta com a presença de Daniele Benatti, Vincenzo Nibali, Franco Pellizotti ou Roman Kreuziger. Kreuziger, com a sua importância de certa forma ameaçada na formação italiana, poderá rumar à Omega Pharma-Lotto, que muito recentemente perdeu Cadel Evans para a BMC.
O inglês voador de 2009, Mark Cavendish, ficará na Team Columbia HTC, com a companhia de Tony Martin, mas já sem Kim Kirchen. O alemão optou por rumar à Team Katusha, que esta temporada contará com Filippo Po¬zatto, Serguei Ivanov, Vladimir Karpets e o recém adquirido Joaquim Rodríguez (ex-Caisse d’Epargne).
Sempre candidato a uma grande vitória em 2010, o ciclista da Saxobank Andy Schleck mantém-se envolto na mesma estrutura da temporada passada, com a presença do seu irmão Frank, do relógio suíço Fabian Cancellara e com a contratação de Sebastián Haedo. Óscar Freire e Dennis Menchov são as principais apostas de outra equipa ligada à banca, a Rabobank.
Uma habitué no pelotão internacional, a Euskatel Euskadi continua fiel à sua vocação de sempre: tacar forte a montanha. Igor Sanchéz Galdeano, Samuel Sanchéz, Igor Anton e Romain Sicar (campeonato mundial de sub-23) são as apostas da formação basca. Por sua vez, a equipa Quick-Step conta com Sylvian Chavanel e Tom Boonen e com um trunfo importante: uma ligação à Eddie Mercx Cycles que permitirá acesso a material de topo.
Quanto ao segundo escalão do ciclismo mundial,Continental Professional, destaque para a presença de grandes nomes do ciclismo. Cadel Evans (ex-Omega Pharma-Lotto), George Hincapie (ex-Team-Columbia), Alessandro Ballan (ex-Lampre) e Arcus Burghart (ex-Team-Columbia) irão ser os grandes nomes da recém criada BMC Racing Team.
Outra equipa de segundo patamar com grandes nomes é a Cervelo Test Team, que conta com o vencedor do Tour 2008 Carlos Sastre, Xavier Tondo (ex-Andalucía-Cajasur), Thor Hushovd e Heinrich Haussler.
Ainda olhando para a lista de 19 equipas admitidas para Continental, de realçar a presença da brasileira Scott – Marcondes César São José dos Campos, que pretende lançar o nome do Brasil na alta-roda do ciclismo. «Temos atletas estrangeiros na equipa, mas a prioridade são os ciclistas do Brasil. Queremos dar a oportunidade para nossos ciclistas, agregando a experiência de corredores estrangeiros e, assim, formar ciclistas brasileiros de alto nível, numa equipa brasileira», refere José Carlos Monteiro, o director-desportivo da formação.
Por fim, e após uma decisão polémica, ficou-se a saber que Nelsón Oliveira,vice-campeão mundial de sub-23, não irá competir ao mais alto nível devido a uma questão burocrática que retirou a licença de Continental à Xacobeo Galicia.
Por David Marques
Mais do que uma palestra sobre jazz, o evento realizado a 10 de Dezembro na Universidade do Algarve serviu, acima de tudo, para homenagear o «homem dos cinco minutos». José Duarte foi um dos principais impulsionadores do jazz em Portugal. Já passou meio século desde que começou.
Cerca de 60 pessoas assistiram à homenagem a José Duarte, que se revelou surpreendido com a sala bem composta: «Já fiz sessões para uma só pessoa, há uns anos em Estremoz», afirmou bem-disposto. A sessão solene, aberta por Vítor Reia-Baptista, contou com a intervenção de João Guerreiro, Reitor da Universidade do Algarve, Zé Eduardo, presidente da Associação Grémio das Músicas, e ainda com a presença de Luís Oliveira, subdirector da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, e Mirian Tavares, coordenadora do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC).
Radialista por excelência, José Duarte iniciou o seu já longo casamento com a música jazz em 1958, ano em que, com Raul Calado, fundou o Clube Universitário de Jazz. «Era um local de luta contra o Hot Clube de Portugal [o primeiro clube de jazz do país, que não permitia, porém, mais de 100 sócios inscritos em simultâneo]. Foi selado pela polícia três anos depois, porque iam lá muitos homens de esquerda, os futuros dirigentes dos movimentos de libertação das colónia e até o Jorge Sampaio», recordou o apresentador da Antena 2 que conduz, de segunda a sexta, o programa «Jazz com brancas».
Celebrizado pelo programa de rádio «5 minutos de jazz», numa época em que os swings da música afro-americana não eram vistos com bons olhos pela sociedade portuguesa e pelo antigo regime, José Duarte destacou-se por inúmeros outros trabalhos empreendidos sempre com o objectivo de divulgar o jazz em Portugal, organizando, inclusive, concertos de respeitados saxofonistas norte-americanos como Steve Lacy e Frank Wright, em 1972 e 1973, respectivamente.
Admirador de jazz como poucos, José Duarte torce o nariz à música actual. «Com a tecnologia moderna constroem-se solos que os músicos nunca tocaram», diz, sem se esquecer, no entanto, de indicar a grande virtude do movimento artístico-cultural: «O Jazz é uma música de improviso».
Tatyana (nome fictício) destaca-se pelo tom de pele, muito branco, pelos olhos verdes e pela sua peculiar pronúncia. Chegou a Portugal em 2000, vinda de leste. Abandonou a pátria e há 6 anos que trabalha em Faro, onde vive com o marido e a filha.
A vitória de Tatyana não foi só chegar ao nosso país, mas também arranjar trabalho. «Há muito preconceito» diz a emigrante, acrescentando que o factor da idade, ou seja, os seus 46 anos, foi causa de discriminação ao conseguir emprego.
A ex-professora é hoje em dia funcionária de limpeza. Depois de muitos «não», está empregada, mas sublinha que apesar de discriminada pela nacionalidade e idade estes trabalhos são dados a pessoas nas mesmas condições que ela, que muitas vezes se subjugam a salários mais baixos, horários maiores e tarefas mais difíceis. «Tenho muitas amigas [de leste] a trabalhar como eu, a fazer o mesmo».
«Tatyana» não dá o nome, não se trata de nome. Trata-se de caras, de histórias e ela partilhou a sua connosco. Um exemplo dos muitos casos de discriminação que ilustra a realidade comprovada pelo último estudo europeu neste âmbito.
EUROBARÓMETRO MEDE DISCRIMINAÇÃO
A UE começou a sondar a opinião pública sobre esta problemática em 2006 como parte de uma campanha para sensibilizar as pessoas para os seus direitos.
Três anos depois, no mês de Novembro, revelou os resultados do Eurobarómetro sobre «Discriminação na União Europeia».
O inquérito efectuou-se durante os meses de Maio e Junho. Ao todo foram inquiridas mais de 27 000 pessoas nos 27 países da UE e em três países candidatos (Croácia, Antiga República Jugoslava da Macedónia e Turquia).
Um em cada seis (16%) europeus afirmou ter sido vítima de discriminação (com base na idade, etnia, religião, sexo, e na orientação sexual). A percentagem manteve-se em grande medida inalterada em relação aos valores obtidos em 2008.
«A discriminação continua a ser um problema na Europa e a percepção deste fenómeno pelas pessoas manteve-se estável em comparação com o ano anterior», aclarou Vladimír Špidla, o Comissário Europeu responsável pela Igualdade de Oportunidades. «É, nomeadamente, preocupante que a percepção da discriminação baseada na idade esteja a aumentar em consequência da recessão. Estes resultados revelam que, apesar dos progressos alcançados, temos ainda um longo caminho a percorrer se pretendemos sensibilizar as pessoas para os seus direitos em matéria de igualdade de tratamento, em particular a nível nacional, e garantir que a igualdade não seja apenas uma frase vazia, mas possa tornar-se uma realidade», acrescentou.
A discriminação contra grupos étnicos é ainda considerada o maior problema, com 61% dos inquiridos a considerá-la comum no seu próprio país.
No entanto, surge neste domínio uma preocupação acrescida com o factor idade. 58% dos europeus apontam que este tipo de está generalizada no seu país. Para 64% dos europeus, a actual recessão poderá agravar a discriminação com base na idade que se verifica no mercado de trabalho.
Esta preocupação pode ser consequência da situação económica que muitos países europeus vivem, em consequência do abrandamento financeiro. Também pode ser sinal de uma maior consciencialização por parte das pessoas relativamente a esta forma de discriminação.
Para denunciar os casos de discriminação, a maioria dos europeus prefere contactar primeiro a polícia (55%), ao passo que 35% optam por recorrer ao organismo nacional competente em matéria de igualdade e 27% a um sindicato. A confiança nas diversas organizações que intervêm na luta contra a discriminação varia fortemente de país para país.
PORTUGUESES QUEIXAM-SE DE DISCRIMINAÇÃO SEXUAL
Em Portugal foram entrevistadas pela TNS Euroteste 1.020 pessoas. Os dados divulgados pelo Eurobarómetro revelaram que 58% dos portugueses consideram comum a discriminação em função da orientação sexual, enquanto, que em média, os europeus apontaram-na apenas como o quarto tipo mais comum de discriminação.
A discriminação devido à origem étnica e a deficiência foram também consideradas habituais pela maioria dos inquiridos, surgindo como os mais importantes tipos de discriminação em Portugal imediatamente a seguir à orientação sexual (57% em ambos os casos).
Apenas um em cada quatro portugueses (24%) admite conhecer os seus direitos se for vítima de discriminação ou assédio, sendo este o terceiro valor mais baixo da UE (a par da Polónia e apenas à frente da Bulgária e Áustria), numa média comunitária de 33%.
Vladimir Spidla, afirmou ainda que «apesar dos progressos alcançados», ainda existe «um longo caminho a percorrer", sobretudo no sentido de "sensibilizar as pessoas para seus direitos em matéria de igualdade de tratamento, em particular em nível nacional, e garantir que a igualdade não seja apenas uma frase vazia, mas possa se tornar uma realidade».
MUITAS ORGANIZAÇÕES E UM ÚNICO OBJECTIVO
Os resultados deste último inquérito Eurobarómetro precederam a realização da Cimeira Europeia da Igualdade deste ano. Foi nos dias 16 e 17 de Novembro que se realizou em Estocolmo a III Cimeira Europeia da Igualdade. Organizado em conjunto pela Presidência Sueca da União Europeia e a Comissão Europeia, este evento anual visou eleger a discriminação e a diversidade como questões prioritárias, ao mais alto nível das agendas políticas da UE e dos governos nacionais, e possibilitar uma partilha de conhecimentos e experiências, tendo em vista a determinação de abordagens mais eficazes para combater todas as formas de discriminação.
Esta Cimeira representou apenas um dos esforços realizados na UE no sentido de ajuda a combater a discriminação em relação à religião, idade, deficiência ou orientação sexual.
Ainda este ano a campanha «Pela diversidade. Contra a discriminação.» organizou, pela primeira vez, uma série de Dias da Diversidade que tiveram lugar no Chipre, no Luxemburgo, na Suécia e em Portugal.
Em Portugal, os Dias da Diversidade decorreram durante quatro dias (15 a 18 de Outubro) no Centro Comercial Colombo em Lisboa, onde foram organizadas actividades para avivar o tema da identidade e da diversidade.
Para demonstrar o seu apoio à diversidade e fomentar a sensibilização para a discriminação, entre 2004 e 2005 milhares de pessoas também participaram em maratonas e corridas em cidades da Europa como Roma e Roterdão vestindo as camisolas amarelas da campanha «Pela diversidade. Contra a discriminação.».
Presentemente, existem vários organismos nacionais de promoção da igualdade na grande maioria dos Estados-Membros da UE. Estas organizações aconselham pessoas que foram discriminadas e explicam-lhes os seus direitos e a forma como devem apresentar queixa, realizam estudos sobre a discriminação e publicam relatórios sobre o tema, de forma a ajudar a melhorar o conhecimento do problema e contribuir para encontrar soluções.
Também existem organizações não governamentais (ONG) activas no campo da discriminação e da diversidade em toda a Europa. Estas ONG promovem a sensibilização para a discriminação.
Entre as várias organizações europeias que se debruçam sobre a problemática da discriminação, poderão ser realçadas a YFJ que promove os direitos dos jovens; a ILGA que promove os direitos dos gays, lésbicas, bissexuais e trangéneros; a AGE que promove os direitos das pessoas idosas; a EDF que promove os direitos das pessoas com deficiência e a ENAR que promove os direitos das pessoas pertencentes a minorias raciais, étnicas ou religiosas.
É encorajador verificar que, segundo os dados do Eurobarómetro, distintos mecanismos sociais permitem ultrapassar situações de discriminação. O relatório mostra que os círculos sociais, os esforços realizados a nível da educação e as campanhas de sensibilização estão a contribuir para uma maior aceitação da diversidade. As iniciativas e medidas políticas que procurem basear-se nesta realidade poderão ajudar a combater a discriminação e a promover a diversidade.
Por Ângela Gago, Lénia Maria, Isa Mestre, Fábio Lima e David Marques
O motivo da sessão era, nas palavras de Vítor Reia-Baptista, professor da Universidade do Algarve, contactar com «um dos maiores factores de Literacia dos Media: a figura do provedor». Foi precisamente nesse sentido que Paquete de Oliveira, Adelino Gomes e Joaquim Vieira, provedores da RTP, RDP e Público, se deslocaram à academia no passado dia 26.
Nesta aula aberta que contou com a presença de aproximadamente meia centena de alunos e professores, coube ao presidente do Conselho Executivo da Escola Superior de Educação e Comunicação abrir a sessão. Jorge Santos agradeceu a presença dos convidados e realçou a importância deste tipo de iniciativas para a Universidade.
«OMBUDSMAN» era a palavra sueca projectada atrás dos oradores da palestra. No seu sentido literal significa «mensageiro de volta, ou seja, que traz de volta a mensagem», explicou o Prof. Vítor Reia - Baptista. No âmbito do tema desenvolvido ao longo da palestra, Vítor Reia-Baptista, o anfitrião do evento, destacou a importância dos três C’s na literacia dos media. «A literacia é um conjunto de três dimensões: cultural, crítica e criativa», explicitou o professor do curso de Ciências da Comunicação.
Em jeito de abertura, os três mensageiros optaram por partilhar com os alunos a sua experiência enquanto provedores dos três meios em que trabalham, realçando as diferenças no exercício das suas funções em rádio, televisão e imprensa.
Adelino Gomes, provedor da Rádio Difusão Portuguesa, foi o primeiro a caracterizar o seu papel no mundo dos media: «Ser provedor implica uma dupla função, implica dar voz às críticas, mas por outro lado implica que o provedor tem de ouvir o jornalista».
Já Joaquim Vieira, provedor do jornal Público, encara a profissão de um modo um pouco diferente, considerando que «o provedor é o “grilo do Pinóquio”, uma espécie de voz da consciência que alerta os jornalistas para situações erradas».
Por sua vez, Paquete de Oliveira, da televisão pública, procura «desempenhar esta função como mediador entre quem faz televisão e quem vê televisão, provocando uma interactividade forte entre os telespectadores». Ainda assim, no universo da provedoria, «o papel de mediador nem sempre é fácil» pois «os jornalistas não gostam de alguém a ‘olhar por cima do ombro’, a criticar o que eles produzem», opinou Joaquim Vieira.
Aproximando-se o final da palestra, abriu-se espaço para um debate aceso onde tanto docentes como alunos assumiram o papel de “telespectadores” e onde os oradores desempenharam o papel de «verdadeiros ´fios do back’ dos processos de comunicação dos media», como rematara Vítor Reia-Baptista, brincando com as palavras.
A discussão abrangeu temas dos vários domínios da comunicação, entre os quais a separação entre as notícias e a publicidade. «Devia existir uma divisão entre a publicidade e os conteúdos editoriais. É como haver separação entre a Igreja e o Estado», opinou Joaquim Vieira.
Na hora de fazer um balanço da sua actividade, os provedores foram unânimes: «as pessoas que estão satisfeitas escrevem aos directores e escrevem aos provedores as que querem reclamar, criticar e não aplaudir. É positivo pois consideram o provedor o seu porta-voz», conclui Paquete de Oliveira. «Sinto o feedback dos leitores pelo meu trabalho, penso que isso é positivo», concorda Joaquim Vieira.
Por Grethel Ceballos
Uma aldeia solar experimental, construída em pleno Alentejo, está a ser testada por uma eco-comunidade. O projecto recorre a vários protótipos tecnológicos para tornar uma comunidade de 50 pessoas auto-suficiente a nível energético.
Autonomia energética
Quem avança alguns quilómetros por uma estrada de terra batida, próxima de Colos, em Odemira, depara-se com um cenário diferente ao esperado. A inovação tecnológica imiscui-se com a paisagem campestre. Numa área com mais de 150 hectares, em Tamera, encontra-se o campo de testes de uma Aldeia Solar.
O projecto iniciou-se no mês de Outubro e terá a duração de um ano. A responsabilidade é da eco-comunidade de Tamera, que pretende demonstrar que, sem a utilização de combustíveis fósseis ou poluentes, é possível efectuar variadas tarefas domésticas, tais como «bombear água, produzir e cozinhar alimentos, aquecer e iluminar as casas».
A aldeia solar é um modelo alternativo para uma futura comunidade ou aldeia da paz, que pode ser generalizado e erigido em qualquer lugar na Terra que tenha uma quantidade de luz solar razoável. O motivo da escolha da região alentejana é evidente: está privilegiada em exposição solar.
«A ideia é viver um ano inteiro com esta tecnologia, ver como funciona e encontrar os pontos fracos e fortes, para poder projectar um modelo para a Tamera inteira», onde vivem mais de 150 pessoas, explicou à Agência Lusa Barbara Kovats, coordenadora da Aldeia Solar.
Protótipos tecnológicos
A aldeia solar experimental, que visa a auto-suficiência energética de 50 pessoas, conta, por exemplo, com uma estufa multifuncional que possibilita o cultivo de alimentos com pouco consumo de água. Ainda, aquece óleo vegetal que é acumulado num receptáculo.
Junto da cozinha, construída no âmbito do projecto, um espelho, com cerca de dois metros de diâmetro, desperta a curiosidade: «É um espelho de foco fixo, que vai reflectir o Sol para um tacho próprio, que aquece água em cerca de 30 minutos», explica Fabian Deppner, também membro da Tamera e colaborador no projecto. Outro protótipo em testes no Alentejo é a bomba de água, que trabalha, à semelhança dos restantes sistemas, apenas com energia solar termal.
Eco-aldeias
Uma eco-aldeia, pequena comunidade de indivíduos numa estrutura social coesa, está sedimentada em três dimensões: comunidade, ecologia e espiritualidade. O objectivo é promover um estilo de vida aos seus membros em harmonia com a Natureza.
Apesar da propagação do conceito nos últimos anos, as comunidades humanas sustentáveis ainda dão passos tímidos em Portugal, e a maioria das pessoas parece não estar preparada para abdicar do seu estilo de vida actual.
Porém, já está em fase de formação a Rede Portuguesa de Eco-aldeias e Comunidades Sustentáveis, a cargo da organização Global Ecovillage Network. O objectivo é «promover o desenvolvimento de comunidades humanas sustentáveis em território Nacional, facilitar a troca de informações e a colaboração entre todos os membros portugueses pertencentes à rede mundial, e disseminar o conceito de eco-aldeia, práticas e centros de demonstração». Esta rede pretende «encorajar sistemas que integrem ecologia, educação, mecanismos de participação em decisões, espiritualidade, bem como tecnologias e negócios ecológicos».
Até ao momento, em Tamera utilizam-se energias à base de combustíveis fósseis. A próxima etapa do projecto será granjear patrocinadores, para desenvolver a tecnologia e planejar sua proliferação.
E no seu caso, se comprovada a viabilidade do projecto, será capaz de abandonar a sua vida actual e aderir a uma eco-comunidade?
As tecnologias utilizadas na Aldeia Solar foram na sua maioria inventadas pelo alemão Jürgen Kleinwächter, que colabora com esta comunidade residente no Alentejo, que acaba por ser o seu «campo de ensaio».
Por: Daniel Lopes, Ivan Cordeiro e Tiago Francisco
Marcou uma geração, separou famílias e amigos, causou a morte a centenas de alemães e arrastou consigo uma nação inteira. Conhecido por muitos como o «Muro da Vergonha», esse verdadeiro marco do século XX caiu há 20 anos, a 9 de Novembro de 1989, e só assim a Alemanha se voltou a unir, só assim a Europa se reunificou.
Edificado pela República Democrática Alemã, o muro circundava a parte da capital alemã que se encontrava ocupada pelos Estados Unidos da América, Grã-Bretanha e França. Construído a 3 de Novembro de 1961, tinha mais de 66km de comprimento e, durante 28 anos, teve como objectivo impedir a saída dos habitantes de Berlim Oriental para Berlim Ocidental. António Camacho, de 51 anos, conta a história de um familiar que estava emigrado na Alemanha, «Uma tia minha tinha-se mudado para Berlim em 58 e quando construíram o muro ela nem quis acreditar, de um dia para o outro deixou de poder atravessar aquelas ruas como fizera tantas vezes. As autorizações para atravessar o muro eram bastante complicadas». Durante 28 anos teve medo de a ir visitar, «Quando o muro caiu, foi ela que nos deu a notícia lá em casa. Ligou, toda contente, a convidar-nos para lá ir passar uns dias. As histórias de fuzilamentos e fugas concretizadas são inúmeras, não consigo imaginar quantos terão morrido por lá».
Por: Grethel Ceballos, Sofia Trindade e Vanessa Costa
O Parkour, ou «l'art du déplacement», tem como princípio elementar a deslocação de um ponto a outro com a maior rapidez e eficácia possível. Oriundo de França, surgiu na década de 80 com o objectivo de ajudar a superar obstáculos de qualquer natureza no ambiente circundante — desde galhos a pedras, grades e até paredes. Apesar da crescente adesão por parte dos jovens, esta nova forma de expressão, ou tipo de desporto, está rodeada de polémica. Os traceurs Dace e CKK contaram à Redacção 2.3 a sua experiência e explicaram como caem seguros no que lhes dá tanto gosto fazer.
Uma das muitas palestras Equipa UALG nas escolas do Algarve decorreu na E.B. 2,3 José Carlos da Maia, em Olhão. A Redacção 2.3 esteve lá e acompanhou a iniciativa da Universidade do Algarve.
Por: Ângela Gago e Lénia Maria
Estabelecimentos de ensino de toda a região aderem à iniciativa e põem alunos a mexer
Por: Adriano Narciso, David Marques, Fábio Lima e Isa Mestre
Recentemente lançada pela Administração Regional de Saúde do Algarve, a iniciativa «Escola Activa» já corre por toda a região. O programa, que pretende ser uma forma simples de combate à obesidade infantil, elucida os jovens para os benefícios da actividade física e serve de incentivo à sua prática.
O método é simples: por cada trinta minutos de actividade física contínua, o estudante tem direito a uma rubrica (numa caderneta dada para o efeito) por parte do seu professor/encarregado de educação. A cada dez rubricas que consiga juntar o aluno tem direito a um autocolante (denominado “ACTIVIX”) que colará posteriormente na sua caderneta. A ideia é que o projecto despolete nos jovens a vontade em terminar a colecção de autocolantes o mais rapidamente possível, o que, consequentemente levará a que pratiquem mais actividade física.
José Miguel Pereira, aluno do 4º ano da Escola Básica Integrada de Martinlongo, concelho de Alcoutim, vê a iniciativa com bons olhos e até confessa a vontade em ser o primeiro a terminar a colecção ACTIVIX: «Vou ser o primeiro a acabar. Todos os dias ando meia hora de bicicleta porque sei que ganho uma assinatura». Já Pedro Barroso, colega de turma de José Miguel, confessa que a disputa com os colegas é um bom incentivo para a prática desportiva: «Na escola competimos por mais assinaturas. Queremos todos acabar a colecção rapidamente».
Actualmente, no Algarve mais de 30% das crianças de idades compreendidas entre os 7 e os 9 anos sofrem de obesidade ou pré-obesidade. Para além da iniciativa “Escola Activa”, a actuar em toda a região, muitas outras têm sido desenvolvidas com vista ao combate à doença que é vista pela Organização Mundial de Saúde como a “epidemia do século XXI”. No passado mês de Março, o Governo português começou a distribuir fruta gratuita nas escolas do país e foi recentemente publicada em Diário da República uma lei que estabelece limites máximos à quantidade de sal no pão. A ser aplicada a partir de Agosto do próximo ano, a norma estipula que as padarias que produzam pão com mais de 14 gramas de sal por quilo possam ser punidas com coimas entre 750 e 5 mil euros.
Para Jorge Paulinho, professor aposentado de Educação Física, é à escola que cabe a grande responsabilidade de consciencializar os jovens para os “perigos e os desconfortos” a que os doentes obesos estão sujeitos. “Os jovens de hoje em dia gastam a maior parte do tempo na escola. Há muito que as habitações deixaram de ser os seus primeiros lares”, justificou o professor de 59 anos.
Mostra de obras multimédia em Faro desconcerta público jovem
Por: Inês Calhias, Joana Sousa, Joana Varela e Mafalda Ferreira
O Teatro das Figuras foi palco para uma sessão de curtas-metragens, documentários, animação e vídeos experimentais no passado dia 4 de Novembro, a antecipar o aniversário da queda do Muro de Berlim.
“Cinema e Vídeo de Berlim” reuniu um conjunto de obras, que já foram seleccionados para festivais internacionais, realizadas por jovens oriundos das mais conceituadas escolas de cinema alemãs, alguns deles presentes na apresentação. Representantes da nova geração do cinema, estes jovens abordam nas suas produções questões contemporâneas, tais como as oposições e desigualdades que se verificam entre países ricos e pobres, relações de poder e crise de valores, de identidade e género.
Trazer Berlim até Faro
Emília Piedade, organizadora do evento, explicou à Redacção 2.3 qual a finalidade da sessão: «O objectivo é mostrar a Faro, principalmente aos estudantes, o que está a acontecer em Berlim, cidade que é centro de novas ideias, onde se encontra o futuro da arte». Para «mostrar coisas interessantes», a programadora promoveu ainda um encontro entre estudantes de Berlim e do Algarve. Quanto à escolha das curtas-metragens apresentadas, Emília Piedade contou-nos que foram os jovens realizadores que seleccionaram os vídeos a serem apresentados, estando só sujeitos ao tema.
Entre os realizadores dos trabalhos, Rita Macedo, uma jovem portuguesa estudante em Berlim, expõe os motivos que a levaram a seguir esta carreira: «gosto muito de realizar filmes, dão-me a possibilidade de realizar algo mais artístico, numa área que gosto muito». Residente em Berlim há dois anos, a jovem tem verificado algumas diferenças no panorama cinematográfico entre Portugal e a Alemanha, observando que «lá há mais abertura, mais troca de ideias».
Público surpreendido
«Teve uma sequência um bocado estranha (…) à medida que ia ficando mais tarde as histórias iam ficando mais bizarras», conta Ana Pinto, uma dos muitos presentes na concorrida sessão. «A língua não ajudava», observa Ana Lagoa, referindo-se ao facto de o alemão predominar como língua oral e o inglês como escrita (legendas), o que levou a uma menor compreensão dos trabalhos. «Gostei mais de umas do que de outras. Umas tinham um conteúdo de análise e outras eram menos interessantes», confessa Márcia Nunes, realçando o carácter alternativo do conteúdo dos vídeos, opinião partilhada pela maioria dos presentes.
Um olhar sobre a diferença
O tema da homossexualidade foi o que sobressaiu durante os 90 minutos de exibições, cujas formas de abordagem chocaram alguns dos espectadores. Na opinião de Ruben Remédios, «O tema da homossexualidade já não é tão tabu no nosso país, mas sei que grande parte das pessoas que viram pelo menos essa curta do namorado alemão (…) comentou e vai continuar a comentar». O documentário experimental aqui referido continha cenas explícitas de interacção entre vários homens homossexuais.
A curta que mais interesse despertou, “Please Say Something”, consistia numa animação cujos protagonistas eram um gato e um rato. «Foi engraçada», refere Ana Pinto, «teve uma história que era fácil de perceber e tinha uma mensagem bonita». Outra das obras comentadas pelos espectadores no final da sessão foi “One 103 Happy: 83 Sad Minute and Thirty Seconds”, um trabalho experimental onde formas e cores se misturaram: «É de difícil percepção (…) mas o facto de passarem aquelas imagens numa sequência tão curta de tempo e de certa maneira desfocado a dizerem feliz, triste, faz lembrar certos momentos da nossa vida que vão passando e que nós tendemos a esquecer ou desfocar com o tempo. De certa maneira é um resumo de toda uma vida visto de uma forma bastante simples», aponta Ruben Remédios.
Perante a lotação esgotada na sala de exibição, Emília Piedade considera terem sido cumpridos os objectivos definidos. Apesar de algo desconcertante, para Márcia Nunes este evento «foi muito construtivo e dever-se-ia repetir».
Noite das Bruxas festejada no Algarve
Por: Daniel Lopes, Ivan Cordeiro e Tiago Francisco
A Câmara Municipal de Loulé parece apostada em promover festas temáticas, de animação popular e, depois da Noite Branca, celebrada no Verão, a Noite das Bruxas foi festejada por todos nas ruas da cidade. Loulé é actualmente um ponto de referência no que toca a festividades temáticas e a números de participação. A população e os comerciantes agradecem e festejam também.
No passado dia 31 de Outubro, a Câmara Municipal de Loulé promoveu um evento relacionado com as comemorações do dia das Bruxas. De tradição anglo-saxónica, estas comemorações de Halloween encheram e adornaram a Avenida José da Costa Mealha e o Largo S. Francisco de laranja, preto e roxo, bem como de morcegos, abóboras, caveiras e esqueletos, «um verdadeiro carnaval de Outono», como observava Luís, um popular que passeava nas ruas mascarado de uma mistura de Dr. Frankenstein e Drácula, adiantando: «antes era raro haver estas festas assim na rua, mas ultimamente não nos podemos queixar, tem havido muita animação e as pessoas aderem».
Os festejos tiveram início na Praça da República por volta das 21h30 com a «Parada do Horror», um desfile de cinco carros alegóricos com decorações sobre a temática, figurantes e grupos de animação mascarados de zombies, vampiros, bruxas, fantasmas, entre outros. «Loulé está uma festa», afirmava Manuela, uma senhora de idade que admirava a «Parada» com atenção e curiosidade. A seu lado, um outro participante da festa observava: «nota-se que a nossa cidade tem estado mais desenvolvida agora, há mais actividades e mais movimento de pessoas, o que é bom para a vida de Loulé e para o comércio da cidade».
Nesta noite de animação, participaram também vários alunos das escolas públicas do concelho e do Colégio Internacional de Vilamoura. Entre as 21h e as 23h30, o Parque Fantasma, situado na Alcaidaria do Castelo, foi um espaço dedicado exclusivamente aos mais pequenos, com diversas actividades, músicas infantis, insufláveis, animações, concursos de máscaras e pinturas faciais.
Alguns pontos da cidade prestaram-se sobretudo a desenvolver a actividade comercial. A rua 5 de Outubro centrou-se no negócio de pequenos estabelecimentos, incentivando os visitantes a visitarem e a fazerem as suas compras nas várias lojas da cidade, acompanhados de várias animações de rua.
A partir das 23h realizou-se a «Halloween Party» na Cerca do Convento, que contou com várias actuações musicais. O destaque foi dado ao concerto do grupo La Plante Mutante, banda bem conhecida dos algarvios, que, vestindo-se a rigor, recriou êxitos dos anos 80, como «What’s Love Got To Do With It» de Tina Turner, «Like a Virgin» de Madonna, «Touch Me» de Samantha Fox, «Tarzan Boy» de Baltimore, «Thriller» de Michael Jackson, «Paixão» dos Heróis do Mar, entre muitos mais.
As comemorações do Halloween no concelho de Loulé têm permitido às comunidades inglesa e irlandesa, entre outros turistas, continuar a celebrar a sua tradição. «É fantástico. É mesmo, mesmo bom», revelava uma turista inglesa em férias no concelho: «viemos no ano passado e foi excelente. É tão bom como qualquer coisa que tenhamos visto, em qualquer parte do mundo. É perfeito!»
Mas a «Parada do Horror», para além de adoptar e recriar hábitos e valores tradicionalistas de uma cultura diferente, pretende acima de tudo animar os residentes e visitantes, com especial atenção às crianças, assim como desenvolver o comércio local.