Por: Daniel Lopes, Ivan Cordeiro e Tiago Francisco
Marcou uma geração, separou famílias e amigos, causou a morte a centenas de alemães e arrastou consigo uma nação inteira. Conhecido por muitos como o «Muro da Vergonha», esse verdadeiro marco do século XX caiu há 20 anos, a 9 de Novembro de 1989, e só assim a Alemanha se voltou a unir, só assim a Europa se reunificou.
Edificado pela República Democrática Alemã, o muro circundava a parte da capital alemã que se encontrava ocupada pelos Estados Unidos da América, Grã-Bretanha e França. Construído a 3 de Novembro de 1961, tinha mais de 66km de comprimento e, durante 28 anos, teve como objectivo impedir a saída dos habitantes de Berlim Oriental para Berlim Ocidental. António Camacho, de 51 anos, conta a história de um familiar que estava emigrado na Alemanha, «Uma tia minha tinha-se mudado para Berlim em 58 e quando construíram o muro ela nem quis acreditar, de um dia para o outro deixou de poder atravessar aquelas ruas como fizera tantas vezes. As autorizações para atravessar o muro eram bastante complicadas». Durante 28 anos teve medo de a ir visitar, «Quando o muro caiu, foi ela que nos deu a notícia lá em casa. Ligou, toda contente, a convidar-nos para lá ir passar uns dias. As histórias de fuzilamentos e fugas concretizadas são inúmeras, não consigo imaginar quantos terão morrido por lá».
Por: Grethel Ceballos, Sofia Trindade e Vanessa Costa
O Parkour, ou «l'art du déplacement», tem como princípio elementar a deslocação de um ponto a outro com a maior rapidez e eficácia possível. Oriundo de França, surgiu na década de 80 com o objectivo de ajudar a superar obstáculos de qualquer natureza no ambiente circundante — desde galhos a pedras, grades e até paredes. Apesar da crescente adesão por parte dos jovens, esta nova forma de expressão, ou tipo de desporto, está rodeada de polémica. Os traceurs Dace e CKK contaram à Redacção 2.3 a sua experiência e explicaram como caem seguros no que lhes dá tanto gosto fazer.
Uma das muitas palestras Equipa UALG nas escolas do Algarve decorreu na E.B. 2,3 José Carlos da Maia, em Olhão. A Redacção 2.3 esteve lá e acompanhou a iniciativa da Universidade do Algarve.
Por: Ângela Gago e Lénia Maria
Estabelecimentos de ensino de toda a região aderem à iniciativa e põem alunos a mexer
Por: Adriano Narciso, David Marques, Fábio Lima e Isa Mestre
Recentemente lançada pela Administração Regional de Saúde do Algarve, a iniciativa «Escola Activa» já corre por toda a região. O programa, que pretende ser uma forma simples de combate à obesidade infantil, elucida os jovens para os benefícios da actividade física e serve de incentivo à sua prática.
O método é simples: por cada trinta minutos de actividade física contínua, o estudante tem direito a uma rubrica (numa caderneta dada para o efeito) por parte do seu professor/encarregado de educação. A cada dez rubricas que consiga juntar o aluno tem direito a um autocolante (denominado “ACTIVIX”) que colará posteriormente na sua caderneta. A ideia é que o projecto despolete nos jovens a vontade em terminar a colecção de autocolantes o mais rapidamente possível, o que, consequentemente levará a que pratiquem mais actividade física.
José Miguel Pereira, aluno do 4º ano da Escola Básica Integrada de Martinlongo, concelho de Alcoutim, vê a iniciativa com bons olhos e até confessa a vontade em ser o primeiro a terminar a colecção ACTIVIX: «Vou ser o primeiro a acabar. Todos os dias ando meia hora de bicicleta porque sei que ganho uma assinatura». Já Pedro Barroso, colega de turma de José Miguel, confessa que a disputa com os colegas é um bom incentivo para a prática desportiva: «Na escola competimos por mais assinaturas. Queremos todos acabar a colecção rapidamente».
Actualmente, no Algarve mais de 30% das crianças de idades compreendidas entre os 7 e os 9 anos sofrem de obesidade ou pré-obesidade. Para além da iniciativa “Escola Activa”, a actuar em toda a região, muitas outras têm sido desenvolvidas com vista ao combate à doença que é vista pela Organização Mundial de Saúde como a “epidemia do século XXI”. No passado mês de Março, o Governo português começou a distribuir fruta gratuita nas escolas do país e foi recentemente publicada em Diário da República uma lei que estabelece limites máximos à quantidade de sal no pão. A ser aplicada a partir de Agosto do próximo ano, a norma estipula que as padarias que produzam pão com mais de 14 gramas de sal por quilo possam ser punidas com coimas entre 750 e 5 mil euros.
Para Jorge Paulinho, professor aposentado de Educação Física, é à escola que cabe a grande responsabilidade de consciencializar os jovens para os “perigos e os desconfortos” a que os doentes obesos estão sujeitos. “Os jovens de hoje em dia gastam a maior parte do tempo na escola. Há muito que as habitações deixaram de ser os seus primeiros lares”, justificou o professor de 59 anos.
Mostra de obras multimédia em Faro desconcerta público jovem
Por: Inês Calhias, Joana Sousa, Joana Varela e Mafalda Ferreira
O Teatro das Figuras foi palco para uma sessão de curtas-metragens, documentários, animação e vídeos experimentais no passado dia 4 de Novembro, a antecipar o aniversário da queda do Muro de Berlim.
“Cinema e Vídeo de Berlim” reuniu um conjunto de obras, que já foram seleccionados para festivais internacionais, realizadas por jovens oriundos das mais conceituadas escolas de cinema alemãs, alguns deles presentes na apresentação. Representantes da nova geração do cinema, estes jovens abordam nas suas produções questões contemporâneas, tais como as oposições e desigualdades que se verificam entre países ricos e pobres, relações de poder e crise de valores, de identidade e género.
Trazer Berlim até Faro
Emília Piedade, organizadora do evento, explicou à Redacção 2.3 qual a finalidade da sessão: «O objectivo é mostrar a Faro, principalmente aos estudantes, o que está a acontecer em Berlim, cidade que é centro de novas ideias, onde se encontra o futuro da arte». Para «mostrar coisas interessantes», a programadora promoveu ainda um encontro entre estudantes de Berlim e do Algarve. Quanto à escolha das curtas-metragens apresentadas, Emília Piedade contou-nos que foram os jovens realizadores que seleccionaram os vídeos a serem apresentados, estando só sujeitos ao tema.
Entre os realizadores dos trabalhos, Rita Macedo, uma jovem portuguesa estudante em Berlim, expõe os motivos que a levaram a seguir esta carreira: «gosto muito de realizar filmes, dão-me a possibilidade de realizar algo mais artístico, numa área que gosto muito». Residente em Berlim há dois anos, a jovem tem verificado algumas diferenças no panorama cinematográfico entre Portugal e a Alemanha, observando que «lá há mais abertura, mais troca de ideias».
Público surpreendido
«Teve uma sequência um bocado estranha (…) à medida que ia ficando mais tarde as histórias iam ficando mais bizarras», conta Ana Pinto, uma dos muitos presentes na concorrida sessão. «A língua não ajudava», observa Ana Lagoa, referindo-se ao facto de o alemão predominar como língua oral e o inglês como escrita (legendas), o que levou a uma menor compreensão dos trabalhos. «Gostei mais de umas do que de outras. Umas tinham um conteúdo de análise e outras eram menos interessantes», confessa Márcia Nunes, realçando o carácter alternativo do conteúdo dos vídeos, opinião partilhada pela maioria dos presentes.
Um olhar sobre a diferença
O tema da homossexualidade foi o que sobressaiu durante os 90 minutos de exibições, cujas formas de abordagem chocaram alguns dos espectadores. Na opinião de Ruben Remédios, «O tema da homossexualidade já não é tão tabu no nosso país, mas sei que grande parte das pessoas que viram pelo menos essa curta do namorado alemão (…) comentou e vai continuar a comentar». O documentário experimental aqui referido continha cenas explícitas de interacção entre vários homens homossexuais.
A curta que mais interesse despertou, “Please Say Something”, consistia numa animação cujos protagonistas eram um gato e um rato. «Foi engraçada», refere Ana Pinto, «teve uma história que era fácil de perceber e tinha uma mensagem bonita». Outra das obras comentadas pelos espectadores no final da sessão foi “One 103 Happy: 83 Sad Minute and Thirty Seconds”, um trabalho experimental onde formas e cores se misturaram: «É de difícil percepção (…) mas o facto de passarem aquelas imagens numa sequência tão curta de tempo e de certa maneira desfocado a dizerem feliz, triste, faz lembrar certos momentos da nossa vida que vão passando e que nós tendemos a esquecer ou desfocar com o tempo. De certa maneira é um resumo de toda uma vida visto de uma forma bastante simples», aponta Ruben Remédios.
Perante a lotação esgotada na sala de exibição, Emília Piedade considera terem sido cumpridos os objectivos definidos. Apesar de algo desconcertante, para Márcia Nunes este evento «foi muito construtivo e dever-se-ia repetir».
Noite das Bruxas festejada no Algarve
Por: Daniel Lopes, Ivan Cordeiro e Tiago Francisco
A Câmara Municipal de Loulé parece apostada em promover festas temáticas, de animação popular e, depois da Noite Branca, celebrada no Verão, a Noite das Bruxas foi festejada por todos nas ruas da cidade. Loulé é actualmente um ponto de referência no que toca a festividades temáticas e a números de participação. A população e os comerciantes agradecem e festejam também.
No passado dia 31 de Outubro, a Câmara Municipal de Loulé promoveu um evento relacionado com as comemorações do dia das Bruxas. De tradição anglo-saxónica, estas comemorações de Halloween encheram e adornaram a Avenida José da Costa Mealha e o Largo S. Francisco de laranja, preto e roxo, bem como de morcegos, abóboras, caveiras e esqueletos, «um verdadeiro carnaval de Outono», como observava Luís, um popular que passeava nas ruas mascarado de uma mistura de Dr. Frankenstein e Drácula, adiantando: «antes era raro haver estas festas assim na rua, mas ultimamente não nos podemos queixar, tem havido muita animação e as pessoas aderem».
Os festejos tiveram início na Praça da República por volta das 21h30 com a «Parada do Horror», um desfile de cinco carros alegóricos com decorações sobre a temática, figurantes e grupos de animação mascarados de zombies, vampiros, bruxas, fantasmas, entre outros. «Loulé está uma festa», afirmava Manuela, uma senhora de idade que admirava a «Parada» com atenção e curiosidade. A seu lado, um outro participante da festa observava: «nota-se que a nossa cidade tem estado mais desenvolvida agora, há mais actividades e mais movimento de pessoas, o que é bom para a vida de Loulé e para o comércio da cidade».
Nesta noite de animação, participaram também vários alunos das escolas públicas do concelho e do Colégio Internacional de Vilamoura. Entre as 21h e as 23h30, o Parque Fantasma, situado na Alcaidaria do Castelo, foi um espaço dedicado exclusivamente aos mais pequenos, com diversas actividades, músicas infantis, insufláveis, animações, concursos de máscaras e pinturas faciais.
Alguns pontos da cidade prestaram-se sobretudo a desenvolver a actividade comercial. A rua 5 de Outubro centrou-se no negócio de pequenos estabelecimentos, incentivando os visitantes a visitarem e a fazerem as suas compras nas várias lojas da cidade, acompanhados de várias animações de rua.
A partir das 23h realizou-se a «Halloween Party» na Cerca do Convento, que contou com várias actuações musicais. O destaque foi dado ao concerto do grupo La Plante Mutante, banda bem conhecida dos algarvios, que, vestindo-se a rigor, recriou êxitos dos anos 80, como «What’s Love Got To Do With It» de Tina Turner, «Like a Virgin» de Madonna, «Touch Me» de Samantha Fox, «Tarzan Boy» de Baltimore, «Thriller» de Michael Jackson, «Paixão» dos Heróis do Mar, entre muitos mais.
As comemorações do Halloween no concelho de Loulé têm permitido às comunidades inglesa e irlandesa, entre outros turistas, continuar a celebrar a sua tradição. «É fantástico. É mesmo, mesmo bom», revelava uma turista inglesa em férias no concelho: «viemos no ano passado e foi excelente. É tão bom como qualquer coisa que tenhamos visto, em qualquer parte do mundo. É perfeito!»
Mas a «Parada do Horror», para além de adoptar e recriar hábitos e valores tradicionalistas de uma cultura diferente, pretende acima de tudo animar os residentes e visitantes, com especial atenção às crianças, assim como desenvolver o comércio local.
François Jost dá palestra na Universidade do Algarve sobre Televisão
Por: Ângela Gago e Lénia Maria
François Jost, professor da Sorbonne Nouvelle e Director do Centro de Estudos e Imagens Mediáticas (CEIM), esteve na Universidade do Algarve para uma palestra sobre Televisão. O professor francês deu a conhecer o seu trabalho de investigação nesse campo, que é enviado para o Instituto Nacional de Audiovisual (INA), desde 1995.
Durante a palestra, dirigida aos alunos do curso de Ciências da Comunicação, entre outros de mestrado e doutoramento na área, o Professor Jost sublinhou a ideia de que «por vezes o que vemos na televisão não é real». Segundo Jost, a Televisão conta com «três mundos»: o real, o fictício e o lúdico, constantes no primeiro de três princípios básicos no mundo televisivo.
O Director do CEIM afirma que o «mundo real» inserido nos programas televisivos transmite «conhecimentos sobre o mundo», ou seja, dá ao telespectador uma perspectiva do mundo sem efeitos especiais, guiões ou outros, como são disso exemplo todos os programas transmitidos em directo. Pelo contrário, o «mundo fictício» é, segundo afirma o Professor, «um mundo inventado», onde vigoram a ficção e os efeitos especiais. Já o “mundo lúdico”, que “se encontra entre o mundo real e o mundo mental”, inclui ainda a vertente de entretenimento. Como exemplos dos jogos e actividades apontou programas como «Big Brother» e «Loft Story».
O Professor da Sorbonne Nouvelle não terminou a sua apresentação sem algumas noções sobre os diferentes actores intervenientes em comunicação televisiva e ainda houve espaço para esclarecimento de dúvidas, uma mais-valia para o enriquecimento da cultura televisiva da comunidade escolar.
Por: Inês Calhias, Joana Varela, Joana Sousa e Mafalda Ferreira
O Dia Mundial da Alimentação comemorou-se a 16 de Outubro e a Redacção 2.3 quis saber quais os hábitos alimentares da comunidade académica da Universidade do Algarve (UAlg). Grande parte dos estudantes não pratica uma alimentação saudável.
“Não tenho uma alimentação equilibrada porque passo a maior parte do dia na escola e só como porcaria”, confessa Ana Sousa. A sua experiência é partilhada por grande parte dos alunos da sua faixa etária, entre os 19 e 20 anos. Já Catarina Taveira afirma ter um regime mais rigoroso: “Costumo ter muita preocupação com a alimentação e, por acaso, estou a fazer dieta”.
A média de refeições por dia dos alunos varia entre 3 e 6, sendo que alguns dispensam a considerada refeição mais importante do dia. “Às vezes não tomo o pequeno‑almoço”, reconhece Hugo Pereira. E aqueles que ainda têm por hábito tomá-lo fazem-no na universidade, como constata João Guerreiro: “Costumo comer o pequeno‑almoço na escola”.
Um dos hábitos alimentares que predomina entre os alunos é comer fast-food, muito embora varie o número de vezes que o fazem por semana. A maioria dos alunos opta por este tipo de alimentação entre 2 a 4 vezes por semana, mas há quem o faça com muito mais frequência. “Como fast-food pelo menos duas vezes por dia”, afirma João Guerreiro. Já Cesarina Sousa, funcionária da Universidade de 43 anos, afirma: “Não costumo comer fast-food. Por vezes é apenas três vezes por ano”, um indicador de que este tipo de refeições é tendencialmente característico da faixa etária dos jovens estudantes.
No que respeita aos locais de restauração mais frequentados pelos alunos, tanto dentro do Campus como nas cantinas e bares nas imediações, Isabel Planeta, funcionária no Bar da ESEC, também é da opinião que “os alunos não têm uma boa alimentação porque comem muita porcaria”. São diversos os produtos alimentares vendidos neste estabelecimento, desde sumos, iogurtes, sandes, sopa, croissants, cachorros, hambúrgueres, fruta, e quando questionada sobre se deveriam ser postos à venda produtos mais saudáveis no bar, Isabel considera a escolha suficiente, acrescentando que é feita a inspecção ao bar todos os meses.
Também na cantina do Campus da Penha se pratica um regime de alimentação saudável. Todos os dias são postos ao dispor dos alunos um prato de carne, um prato de peixe e um prato de dieta, com a preocupação de não fazer muitos fritos e gorduras, mas sim “mais cozidos e guisados”, como nos assegura Lurdes Policarpo, funcionária desta cantina. Acerca do controlo alimentar que este local tem, a Redacção 2.3 ficou a saber que é regularmente visitado por uma empresa especializada em inspecção alimentar.
Apesar das garantias dadas pelos Serviços de Acção Social de que a alimentação proporcionada pelas cantinas é a mais saudável, nem sempre são os refeitórios as primeiras opções dos alunos. Porque a vida académica exige muito tempo, a preocupação com uma alimentação saudável é desvalorizada, recaindo a escolha para as refeições mais rápidas e menos saudáveis.