Por Inês Calhias, Joana Sousa, Joana Varela, Mafalda Ferreira

Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade do Algarve, Fábio Ventura, autor de “Orbias - As Guerreiras da Deusa”, deu a conhecer à Redacção 2.3 o lado mais pessoal da criação desta recente obra.

Redacção 2.3: O seu percurso académico inspirou-o na criação do livro e incentivou-o à descoberta do mundo da literatura?

Fábio Ventura: Não. Antes de ingressar no curso de Ciências da Comunicação, o “bichinho” da literatura já cá estava. Apesar de ser um curso que exige que se leia muito, não incentiva propriamente a descoberta da literatura como forma de entretenimento. Mas posso afirmar sem reservas que o curso foi muito importante para melhorar e amadurecer a minha escrita. O curso requer que se escreva muito e bem e, apesar de ser numa perspectiva mais prática ligada à Comunicação, inevitavelmente acaba por incentivar à escrita de ficção.

R2.3: Quando é que começou a pensar na criação do “Orbias”?

F.V.: Comecei a pensar neste projecto no meu 2.º ano de faculdade (finais de 2005). A ideia de criar uma história foi amadurecendo e, em Fevereiro de 2006, comecei a escrever o livro. Escrevi-o em 2 meses. Enviei o manuscrito para algumas editoras, mas como não obtive qualquer resposta, deixei o livro na gaveta. Cerca de dois anos depois, em 2008, terminei o curso e decidi pegar no livro de novo. Reescrevi-o completamente e ao enviá-lo para as várias editoras, obtive uma resposta positiva da Casa das Letras (Grupo Leya).

R2.3: A redacção do livro demorou muito tempo ou já tinha a história pensada quando começou a escrever o livro?

F.V.: Demorou muito pouco tempo. A redacção propriamente dita demorou creio que 2 meses e meio. A nova versão do livro, a que foi editada, também demorou cerca de 2 meses. Antes de escrevê-lo, não pensei muito sobre a história e personagens em si. Como tenho uma escrita muito intuitiva, tudo vai fluindo naturalmente.

R2.3: O mundo do “Orbias” é totalmente imaginário. Onde se inspirou para criar um livro do género fantástico? Cada personagem retrata/representa pessoas da sua vida ou criou-as originalmente?

F.V.: Não posso afirmar que o mundo de “Orbias” seja totalmente imaginário. Em todo o livro tentei estabelecer um certo equilíbrio entre elementos reais, que existem no mundo moderno actual, e elementos de fantasia. Eu inspirei-me em muitas coisas mesmo e que aproveito sempre que escrevo: filmes, videojogos, séries de televisão, arte, literatura, música, etc. Acredito numa convergência de meios artísticos que se entrelaçam. Vários elementos desses objectos culturais servem de inspiração para a minha escrita. Por exemplo, a partir de uma pintura ou de uma música, consigo escrever um capítulo inteiro pelas emoções e pelas imagens que essas obras me provocam. Mas diria que não há uma coisa específica em que me inspire. Tento ser o mais original possível e, portanto, vem tudo da minha imaginação. Quanto às personagens, todas elas têm um traço da minha personalidade, como se fossem minhas filhas. Há outras que representam arquétipos de personagens neste tipo de ficção fantástica. Não me inspiro em pessoas que conheço, mas é curioso que no produto final acabou por haver personagens que ficaram parecidas a amigos meus.

R2.3: Qual o feedback obtido até agora com a venda do livro? O lançamento do livro superou as tuas expectativas?

F.V.: Até agora não tenho dados concretos sobre a venda dos livros por parte da editora. Apenas fui informado de que, para um novo autor português, o livro não estava a sair mal. Porém, o livro superou, e muito, as minhas expectativas. Uma vez que durante o curso ganhei hábitos de comunicação e divulgação, eu próprio decidi tratar da divulgação do meu livro, paralelamente à editora. O meu público-alvo são os jovens e jovens adultos, pelo que sabendo que este público é muito susceptível às redes sociais, criei Facebook, Hi5, blogue, Twitter, mail no sentido de promover o “Orbias”. Graças a isso, e obviamente à ajuda da editora, consegui gerar uma grande expectativa em torno da obra e cujo resultado tem sido muito positivo. Diariamente recebo mails, comentários e contactos de leitores muito felizes com o livro e ansiosos pela publicação da segunda parte. Em adição, tenho recebido muitos contactos de jovens aspirantes a escritores que vêem em mim um modelo (por ser tão jovem) e que me pedem conselhos, ajuda e opiniões.

R2.3: “Orbias” representa um trabalho que marca a conclusão do seu percurso académico ou um trabalho que marca o início de uma carreira?

F.V.: Não, este primeiro livro em nada teve a ver com o meu percurso académico. Terminei o curso, mas não teve inevitavelmente relacionado com a publicação desta obra. São aspectos diferentes, até porque o ofício da escrita não está directamente relacionado com a área do curso ou com as suas saídas profissionais. Este primeiro trabalho simboliza, sem dúvida, o início de uma carreira que espero que dure muitos e muitos anos porque é algo que adoro fazer. No entanto, não será a minha única carreira. Infelizmente, em Portugal ser escritor não é uma profissão e o pagamento que recebemos pela venda dos livros não garantem sustentabilidade de vida. Espero conseguir fazer carreira na minha área, da Comunicação, ou talvez experimentar algo novo que me preencha e me proporcione boas condições de vida.

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