Festival da Batata Doce de Aljezur

Por Daniel Lopes, Ivan Cordeiro e Tiago Francisco

A vila algarvia promoveu um fim-de-semana de festa e convívio dedicados aos sabores regionais

Mesmo sem o fervor de outros anos, o Pavilhão das Feiras em Aljezur encheu-se de gente e acolheu, de 4 a 6 de Dezembro, o 12.º Festival da Batata Doce. Este ano ficou especialmente marcado pela classificação da batata doce de Aljezur como Indicação Geográfica Protegida (IGP) pela Comissão Europeia. A organização foi responsabilidade da Câmara Municipal de Aljezur e da Associação de Produtores de Batata Doce de Aljezur.

Durante os três dias do festival, o espaço recebeu a visita de milhares de aljezurenses e curiosos que se deslocaram à vila algarvia para provar as delícias feitas à base da tradicional batata doce.
Sem direito a animações musicais ou demais espectáculos, o Festival dedicou-se por inteiro à gastronomia da raiz tuberculosa. E a noite mais animada parece ter sido mesmo a da abertura, marcada pela presença de José Amarelinho, Presidente da Câmara Municipal de Aljezur (na foto), dos vereadores de Aljezur e de municípios vizinhos, presidentes de junta, e de Isilda Gomes, Governadora Civil de Faro.

Jorge Pacheco, bombeiro da corporação de Aljezur, garante que «o Festival perdeu força quando deixou de ter o perceve». Tudo mudou em 2006. Até então, o Festival era dedicado à Batata Doce e ao Perceve, porém, com os despachos da Portaria nº385/2006, e os que se seguiram, o crustáceo foi retirado do Festival. Apesar dos restaurantes presentes ainda aludirem a um dos ex-libris de Aljezur, o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas dificulta a vida aos mariscadores e promove uma época de defeso do perceve que dura entre Setembro e Dezembro, altura em que a batata doce abunda. Consequência directa ou não da decisão, o facto é que em quatro anos o espaço diminuiu e cada vez tem menos barracas destinadas ao comércio local, menos animação, concursos e jogos. «Já não há tantos esforços por parte da Câmara e depois também se começa a notar que há menos visitantes. Antes havia espectáculos à noite e a entrada era paga. Agora é grátis e mais parece uma feira local», nota Jorge Pacheco.

Estes despachos servem, nas palavras do Ministério, para evitar a mariscagem desenfreada e sem regras que ameaçava o seu desaparecimento. Arlindo Serafim, dono de um restaurante em Aljezur, disse à Redacção2.3 que deixou «de ir ao mar por causa do Ministério».
À pergunta sobre se é mariscador, responde «antes de haver esses despachos, era um mariscador lúdico, fazia daquilo o meu hobby. Mas agora, tive que deixar esse passatempo. Não fui o único a que se viu nesta situação».

Ainda assim, António Henrique, Presidente da Associação de Produtores de Batata Doce de Aljezur há largos anos, afasta qualquer decréscimo na fama e sucesso do Festival, afirmando que «o Festival não perdeu em nada com a separação do perceve. É certo que pode ter sido abalado no início, mas agora já ninguém se lembra do Festival conjunto. O mais importante é a batata doce e este ano assistimos a uma excelente qualidade de produção. Aliás, as vendas estão a correr bastante bem».

Apesar das opiniões se dividirem entre um sucesso e um fracasso, a organização afirma não ter dúvidas de que os principais objectivos foram alcançados, divulgar a batata doce e dinamizar a economia local. Não é certo que a próxima edição traga de volta a animação e os espectáculos, mas a batata doce estará com certeza de volta a este ex-líbris de Aljezur e um dos mais conhecidos certames do Algarve.

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