O ‘Pro Tour’ mais português de sempre

Por Fábio Lima

Joaquim Agostinho, Marco Chagas, Alves Barbosa e, mais recentemente, José Azevedo ou Sérgio Paulinho são nomes que marcam claramente o panorama velocipédico nacional. Mas nunca o ciclismo português esteve tão bem representado na alta-roda internacional. E a altura em que surgem estas novidades é ainda mais surpreendente, pois vem na ressaca de uma Volta a Portugal marcada por imensos casos de doping, que até retiraram a vitória a Nuno Ribeiro. Apesar de tudo isso, cinco ciclistas de nacionalidade portuguesa irão representar equipas de topo do ciclismo.

A equipa mais portuguesa do pelotão internacional é claramente a RadioShack, comandada pelo mítico Lance Armstrong. Nas estradas, Portugal terá Sérgio Paulinho e Tiago Machado. No comando da equipa estará um dos melhores gregários de Lance Armstrong, José Azevedo. E na parte técnica estará o mecânico Francisco Carvalho. A figura da equipa é sem dúvida o sete vezes vencedor do Tour de France, Lance Armstrong, que aos 39 anos faz questão de mostrar que a idade não o impede de trepar as montanhas mais difíceis do mundo. Ao lado do texano estarão muitos ciclistas que vieram consigo da Astana. Entre eles figuram Levi Leipheimer, Andreas Kloden, Yaroslav Popovic ou mesmo Sérgio Paulinho. O português Tiago Machado trocou a Madeinox Boavista pelo conjunto americano. A comandar esta verdadeira constelação de estrelas, estará Johan Bruyneel, director desportivo durante as sete vitórias de Lance no Tour. Esta nova equipa tem como principal objectivo levar ao mundo a mensagem da fundação de Lance Armstrong, LiveStrong.

Ainda a falar português, a Caisse D’Epargne tem nas suas fileiras uma das maiores surpresas da última época – Rui Costa. O ciclista natural da Póvoa de Varzim logrou vencer os 4 Dias de Dunkerque e ficar no 3.º lugar na Volta a Chihuahua. O ciclista nacional terá a companhia de David Arroyo, Luís León Sanchéz e o chefe de fila Alejandro Valverde.

Ainda no Pro Tour, Manuel Cardoso será o mais provável chefe de fila da Footon Servetto, antiga Saunier Duval. O estatuto do ex-ciclista da Liberty Seguros confirma-se pelo seu calendário, tendo o Tour de France como objectivo. Com uma formação composta com jovens talentos, na sua maioria ex-amadores, a equipa pretende demarcar-se do passado de casos de doping de Iban Mayo, Riccardo Riccó e Leonardo Piepoli.

Olhando para as restantes equipas, muitas mudanças ocorreram. Para começar na nomenclatura, um terço das equipas Pro Tour mudaram de nome, outras foram criadas de raiz. É o caso da Team Sky, que até agora confirmou a contratação de Sylvian Calzati (ex- Agritubel), Nicholas Portal (ex-Caisse d’Epargne), Mathew Hayman (ex-Ra¬bobank) e Kurt Asle Arvesen (ex-Saxo Bank).

Uma das principais novelas do mercado do ciclismo terminou com final feliz: Alberto Contador permanecerá na Astana, tendo agora como companheiros de equipa Óscar Pereiro e Alexandre Vinokourov. A equipa cazaque sofreu uma grande reforma no elenco, com a saída de Haimar Zubeldia, José Luis Rubiera, Andreas Kloden ou mesmo de Sérgio Paulinho. Prevê-se que, para 2010, a aposta seja em talentos provenientes do país.

As duas formações francesas da elite, AG2R La Mondiale e a Française de Jeux, arriscam claramente na prata da casa, com a aposta em Stephane Goubert no caso da AG2R e em Christophe Le Mevel e Sandy Casar na Française de Jeux.

Bradley Wiggins, uma das surpresas do Tour 2009, ainda não tem equipa certa, mas prevê-se que se mantenha na Garmin-Transitions (ex-Garmin Slipstream), juntamente com Tyler Farrar. Na mesma situação de Wiggins, Ivan Basso deve ficar na Liquigas-Domio, que conta com a presença de Daniele Benatti, Vincenzo Nibali, Franco Pellizotti ou Roman Kreuziger. Kreuziger, com a sua importância de certa forma ameaçada na formação italiana, poderá rumar à Omega Pharma-Lotto, que muito recentemente perdeu Cadel Evans para a BMC.

O inglês voador de 2009, Mark Cavendish, ficará na Team Columbia HTC, com a companhia de Tony Martin, mas já sem Kim Kirchen. O alemão optou por rumar à Team Katusha, que esta temporada contará com Filippo Po¬zatto, Serguei Ivanov, Vladimir Karpets e o recém adquirido Joaquim Rodríguez (ex-Caisse d’Epargne).

Sempre candidato a uma grande vitória em 2010, o ciclista da Saxobank Andy Schleck mantém-se envolto na mesma estrutura da temporada passada, com a presença do seu irmão Frank, do relógio suíço Fabian Cancellara e com a contratação de Sebastián Haedo. Óscar Freire e Dennis Menchov são as principais apostas de outra equipa ligada à banca, a Rabobank.

Uma habitué no pelotão internacional, a Euskatel Euskadi continua fiel à sua vocação de sempre: tacar forte a montanha. Igor Sanchéz Galdeano, Samuel Sanchéz, Igor Anton e Romain Sicar (campeonato mundial de sub-23) são as apostas da formação basca. Por sua vez, a equipa Quick-Step conta com Sylvian Chavanel e Tom Boonen e com um trunfo importante: uma ligação à Eddie Mercx Cycles que permitirá acesso a material de topo.

Quanto ao segundo escalão do ciclismo mundial,Continental Professional, destaque para a presença de grandes nomes do ciclismo. Cadel Evans (ex-Omega Pharma-Lotto), George Hincapie (ex-Team-Columbia), Alessandro Ballan (ex-Lampre) e Arcus Burghart (ex-Team-Columbia) irão ser os grandes nomes da recém criada BMC Racing Team.

Outra equipa de segundo patamar com grandes nomes é a Cervelo Test Team, que conta com o vencedor do Tour 2008 Carlos Sastre, Xavier Tondo (ex-Andalucía-Cajasur), Thor Hushovd e Heinrich Haussler.

Ainda olhando para a lista de 19 equipas admitidas para Continental, de realçar a presença da brasileira Scott – Marcondes César São José dos Campos, que pretende lançar o nome do Brasil na alta-roda do ciclismo. «Temos atletas estrangeiros na equipa, mas a prioridade são os ciclistas do Brasil. Queremos dar a oportunidade para nossos ciclistas, agregando a experiência de corredores estrangeiros e, assim, formar ciclistas brasileiros de alto nível, numa equipa brasileira», refere José Carlos Monteiro, o director-desportivo da formação.

Por fim, e após uma decisão polémica, ficou-se a saber que Nelsón Oliveira,vice-campeão mundial de sub-23, não irá competir ao mais alto nível devido a uma questão burocrática que retirou a licença de Continental à Xacobeo Galicia.

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