Como é ser Jornalista?

Por Marta Miranda e Raquel Rodrigues

O quê? Quem? Onde? Quando? Como? Porquê? São as questões que envolvem a vida diária de um jornalista, em busca da novidade, do interessante, das notícias que fazem o nosso dia-a-dia. Três jornalistas contam à Redacção 2.3 como lidam com a missão de informar os públicos e lhes oferecer todo o conhecimento que conseguem transportar para os vários meios de comunicação.

«Fazer jornalismo não é ser estrela de televisão, isso é o que menos interessa. Ser jornalista é colocar as pessoas em lugares onde não é possível estarem na realidade.» João Tiago

João Tiago, jornalista da SIC, do Jornal Barlavento e da Agência LUSA seguiu os seus instintos ao entrar para o curso de Ciências da Comunicação na UAlg, na expectativa de ingressar na área de Marketing. Com o passar dos anos descobriu o prazer de dar a notícia. «Os professores que tive, o incentivo e a maneira de ensinar despertou em mim a vontade do jornalismo», afirma.

«Não acho que a UAlg dê menos oportunidades aos alunos, comparando com as outras. É verdade que lá em cima há mais oferta, mas também mais procura e concorrência. Eu estou feliz com as oportunidades que me surgiram, e não o seria se não estivesse no Algarve”, confessa o jornalista.

Com uma vida agitada e imprevisível, João Tiago conta-nos um pouco como é o seu dia-a-dia: «A vida de um jornalista é comandada pelo telemóvel. Nunca se pode dizer que o dia é estipulado de uma certa maneira, porque é sempre imprevisível. Estamos sempre em cima da notícia e sempre dependentes disso.»

Trabalhador, ocupado e com gosto pelo que faz, o jornalista incentiva os alunos que frequentam o curso de Ciências da Comunicação na UAlg a «ter vontade de aprender, trabalhar e empreender», sublinhando que estas são as qualidades de um bom profissional.

«Em qualquer actividade o importante é sempre acreditar, saber o que se quer e ter objectivos definidos. Criar uma atitude pró-activa, cometer erros e aprender com eles. Ser respeitosamente persistentes.» Paulo Baptista

Paulo Baptista, animador/locutor da Cidade FM Algarve, apaixonou-se por outro lado do jornalismo. «Personalidade, criatividade e liberdade», são as palavras que, na opinião do locutor, desmistificam um pouco o que é a rádio.

Inserido no mundo do som, onde a notícia é falada e não escrita, assume que a comunicação sempre foi um objectivo desejado. «Fui muito influenciado por uma professora que me marcou muito, e que me fez ver a área que queria seguir», conta.

O ex-aluno da UAlg é um apaixonado pelo seu trabalho, numa das rádios mais ouvidas pelos adolescentes, chegando mesmo a afirmar que no seu trabalho gosta de tudo: «Tento divertir-me quando estou no ar e passar a minha personalidade para o outro lado, ser genuíno. Se conseguir tirar um sorriso de um ouvinte, fico muito contente.»

Está agora na rádio, mas em tempos já experimentou a imprensa escrita, onde as situações mais caricatas lhe passaram entre mãos. «Quando frequentava o curso tecnológico de comunicação, escrevi uma notícia sobre o 25 de Abril, publicada no Diário de Notícias. O Dr. Alberto João Jardim não gostou muito e deu barraca no parlamento regional, foi geradora de mais notícias durante uma semana nos vários meios de comunicação. É o que dá parecer ser do contra mesmo que tenhas 16 anos. Os meus amigos dizem a brincar que vim para o continente repatriado.»

Paulo Baptista acredita na máxima «Se plantares sementes e cuidares bem delas os frutos vão acabar por aparecer». E desafia os jovens que querem seguir esta profissão a serem pró-activos. Só assim conseguirão alcançar o que desejam.

«É bom que saibamos um bocadinho de cada área, para não sermos ignorantes e conseguirmos ter uma conversa com o entrevistado que vai para além da pergunta -resposta.» Marisa Rodrigues

Marisa Rodrigues, jornalista da TVI e correspondente do Jornal de Notícias no Algarve, licenciou-se há 6 anos em Ciências da Comunicação na UAlg. Gosta de informar, é da opinião de que a televisão é muito mais completa, mas que a imprensa escrita lhe dá mais liberdade. «Em televisão temos menos tempo para escrever embora no jornal também tenhamos o espaço limitado pelos caracteres mas é um desafio maior, especialmente quando não temos fotografia e mesmo quando temos, o único suporte é de facto a nossa palavra. Quando se faz jornalismo escrito as palavras têm que ter mais cor do que em televisão porque é só isso que sustenta o nosso trabalho», diz-nos.
«Não consigo é não fazer as duas coisas. Muitas vezes chego à redacção e tenho uma peça de 1minuto e meio para fazer e sinto que a informação que estou a dar é muito incompleta, mas fico descansada porque sei que tudo aquilo que não usei mas que recolhi, vou poder usar no jornal. No meu caso, uma complementa a outra. Já trabalho assim há algum tempo e não me vejo a fazer uma coisa só», conta a jornalista.

Satisfeita com a oportunidade, assumiu que as disciplinas práticas que teve durante o curso lhe abriram os olhos, na medida em que pôde experimentar um pouco de todas as áreas, e mesmo que seja apaixonada pela televisão e pela escrita, não se sente ignorante noutros registos. Enquanto estudante, participou no PERU (Projecto experimental da rádio universitária), onde exercia a função de repórter de rua.

Descreve-nos o seu dia como imprevisível. Dependente do que acontece, do que lhe comunicam, da noticia, do momento. E acrescenta que como a TVI Algarve faz a cobertura de todo o Algarve, Baixo Alentejo e Andaluzia pode nem ter tempo para dormir em casa. «Podemos vir trabalhar para Faro de manhã e arriscamo-nos a ir para Espanha e a ter de passar lá a noite, já aconteceu.»

Humildade, polivalência, não ter medo, ser activo, trabalhador, interessado e estar atento a tudo o que acontece são os conselhos que Marisa dá a todos os que querem ingressar nesta área.
“Pegar numa câmara, tirar uma foto, num gravador e fazer o trabalho. Actualmente a qualidade não tem sido muito premiada. É mais a polivalência.»

2 Comments:

  1. AMestre said...
    Olá colegas!

    Antes de mais quero dar os parabéns a todos os membros desta unidade curricular pelos vossos trabalhos (os já publicados e aqueles que ainda irão ser)e pela partilha do vosso mundo redactorial e mediático no mundo cibernáutico.

    Gostei muito da vossa reportagem e, sobretudo, da temática em si. Quando se está a tirar o curso (no vosso caso ainda e no de milhares de alunos pelo país) temos uma ligeira noção do que é o dia-a-dia de um jornalista, mas talvez não a verdadeira. A noção só a ganhamos quando passamos realmente por ela. Nada mais do que ter a opinião de ex-alunos. E vocês fizeram esse trabalho de campo muito bem. Cada meio, cada ex-aluno, cada experiência.
    Já que abordaram como é ser jornalista e tentaram perceber um pouco o dia-a-dia, eu deixo-vos aqui o link de um video da passada conferência do OBCiber, realizadas na Universidade do Porto, onde o jornalista, editor e professor António Granado nos dá a sua visão/opinião do jornalismo de hoje e de amanhã. ( Mais uma fonte que poderá reforçar algo na vossa reportagem) :D

    Continuação de um bom trabalho.

    Ana Mestre

    Aqui fica o link:

    http://www.pnvicente.com/chaodepapel/?p=705
    AMestre said...
    Ah... Esqueci-me de acrescentar.

    O video, mesmo que não reforce a temática em si do vosso trabalho, revela as diversas dificuldades (qua já se começaram a sentir e que ainda irão ser mais agravadas) do jornalismo. Mesmo que não venha a reforçar nada, achei que seria útil dar-vos a ver a visão deste profissonal, visto que daqui a meses irão estar na pele dos vossos entrevistados, não só no estágio curricular, mas, principalmente, posteriormente.

    :D

    Bom trabalho colegas!

    Ana Mestre

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