«Mensageiros de volta» na UAlg

Por Ângela Gago, Lénia Maria, Isa Mestre, Fábio Lima e David Marques

O motivo da sessão era, nas palavras de Vítor Reia-Baptista, professor da Universidade do Algarve, contactar com «um dos maiores factores de Literacia dos Media: a figura do provedor». Foi precisamente nesse sentido que Paquete de Oliveira, Adelino Gomes e Joaquim Vieira, provedores da RTP, RDP e Público, se deslocaram à academia no passado dia 26.

Nesta aula aberta que contou com a presença de aproximadamente meia centena de alunos e professores, coube ao presidente do Conselho Executivo da Escola Superior de Educação e Comunicação abrir a sessão. Jorge Santos agradeceu a presença dos convidados e realçou a importância deste tipo de iniciativas para a Universidade.

«OMBUDSMAN» era a palavra sueca projectada atrás dos oradores da palestra. No seu sentido literal significa «mensageiro de volta, ou seja, que traz de volta a mensagem», explicou o Prof. Vítor Reia - Baptista. No âmbito do tema desenvolvido ao longo da palestra, Vítor Reia-Baptista, o anfitrião do evento, destacou a importância dos três C’s na literacia dos media. «A literacia é um conjunto de três dimensões: cultural, crítica e criativa», explicitou o professor do curso de Ciências da Comunicação.

Em jeito de abertura, os três mensageiros optaram por partilhar com os alunos a sua experiência enquanto provedores dos três meios em que trabalham, realçando as diferenças no exercício das suas funções em rádio, televisão e imprensa.

Adelino Gomes, provedor da Rádio Difusão Portuguesa, foi o primeiro a caracterizar o seu papel no mundo dos media: «Ser provedor implica uma dupla função, implica dar voz às críticas, mas por outro lado implica que o provedor tem de ouvir o jornalista».

Já Joaquim Vieira, provedor do jornal Público, encara a profissão de um modo um pouco diferente, considerando que «o provedor é o “grilo do Pinóquio”, uma espécie de voz da consciência que alerta os jornalistas para situações erradas».

Por sua vez, Paquete de Oliveira, da televisão pública, procura «desempenhar esta função como mediador entre quem faz televisão e quem vê televisão, provocando uma interactividade forte entre os telespectadores». Ainda assim, no universo da provedoria, «o papel de mediador nem sempre é fácil» pois «os jornalistas não gostam de alguém a ‘olhar por cima do ombro’, a criticar o que eles produzem», opinou Joaquim Vieira.

Aproximando-se o final da palestra, abriu-se espaço para um debate aceso onde tanto docentes como alunos assumiram o papel de “telespectadores” e onde os oradores desempenharam o papel de «verdadeiros ´fios do back’ dos processos de comunicação dos media», como rematara Vítor Reia-Baptista, brincando com as palavras.

A discussão abrangeu temas dos vários domínios da comunicação, entre os quais a separação entre as notícias e a publicidade. «Devia existir uma divisão entre a publicidade e os conteúdos editoriais. É como haver separação entre a Igreja e o Estado», opinou Joaquim Vieira.

Na hora de fazer um balanço da sua actividade, os provedores foram unânimes: «as pessoas que estão satisfeitas escrevem aos directores e escrevem aos provedores as que querem reclamar, criticar e não aplaudir. É positivo pois consideram o provedor o seu porta-voz», conclui Paquete de Oliveira. «Sinto o feedback dos leitores pelo meu trabalho, penso que isso é positivo», concorda Joaquim Vieira.

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