Por David Marques

Mais do que uma palestra sobre jazz, o evento realizado a 10 de Dezembro na Universidade do Algarve serviu, acima de tudo, para homenagear o «homem dos cinco minutos». José Duarte foi um dos principais impulsionadores do jazz em Portugal. Já passou meio século desde que começou.

Cerca de 60 pessoas assistiram à homenagem a José Duarte, que se revelou surpreendido com a sala bem composta: «Já fiz sessões para uma só pessoa, há uns anos em Estremoz», afirmou bem-disposto. A sessão solene, aberta por Vítor Reia-Baptista, contou com a intervenção de João Guerreiro, Reitor da Universidade do Algarve, Zé Eduardo, presidente da Associação Grémio das Músicas, e ainda com a presença de Luís Oliveira, subdirector da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, e Mirian Tavares, coordenadora do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC).

Radialista por excelência, José Duarte iniciou o seu já longo casamento com a música jazz em 1958, ano em que, com Raul Calado, fundou o Clube Universitário de Jazz. «Era um local de luta contra o Hot Clube de Portugal [o primeiro clube de jazz do país, que não permitia, porém, mais de 100 sócios inscritos em simultâneo]. Foi selado pela polícia três anos depois, porque iam lá muitos homens de esquerda, os futuros dirigentes dos movimentos de libertação das colónia e até o Jorge Sampaio», recordou o apresentador da Antena 2 que conduz, de segunda a sexta, o programa «Jazz com brancas».

Celebrizado pelo programa de rádio «5 minutos de jazz», numa época em que os swings da música afro-americana não eram vistos com bons olhos pela sociedade portuguesa e pelo antigo regime, José Duarte destacou-se por inúmeros outros trabalhos empreendidos sempre com o objectivo de divulgar o jazz em Portugal, organizando, inclusive, concertos de respeitados saxofonistas norte-americanos como Steve Lacy e Frank Wright, em 1972 e 1973, respectivamente.

Admirador de jazz como poucos, José Duarte torce o nariz à música actual. «Com a tecnologia moderna constroem-se solos que os músicos nunca tocaram», diz, sem se esquecer, no entanto, de indicar a grande virtude do movimento artístico-cultural: «O Jazz é uma música de improviso».

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