7 anos de frequência experimental

A Rádio Universitária do Algarve (RUA FM) comemora sete anos de existência. Para fazer mais e melhor, a experiência é alargada a todos os que querem colaborar e contribuir no projecto.

Por: Grethel Ceballos, Sofia Trindade e Vanessa Costa

Já passaram sete anos e a Rádio Universitária do Algarve está de parabéns. Com uma história para contar e planos futuros a desenvolver, a RUA deu a conhecer à Redacção 2.3 a evolução de um projecto experimental e criativo.




Foi do empenho e vontade de um grupo de estudantes que nasceu a Rádio Universitária do Algarve. O projecto, organizado em 2001 pelo presidente da Associação Académica de então, Carlos Santos, acabou por dar frutos. Um ano mais tarde, a 28 de Novembro, era atribuído o alvará de emissão, altura em que Pedro Duarte, actual director, foi convidado a juntar-se aos pioneiros. «Tínhamos um prazo de 6 meses para pôr a rádio no ar». As emissões da RUA FM apenas tiveram início a 26 de Julho de 2003, tendo o arranque contado, «a nível de montagem», com «uma grande ajuda» da Rádio Clube Português, conta.

A RUA situou-se desde logo no espaço localizado na Horta do Ferragial, cedido pelos Serviços Sociais e remodelado com a ajuda do então reitor Adriano Pimpão. Pedro Duarte reconhece que «se não tivéssemos o apoio [da reitoria] a rádio talvez não existisse».

A principal filosofia da RUA – nome escolhido por «ser fácil de decorar» e ter boa sonoridade - assenta na divulgação de eventos culturais, e de bandas e artistas pouco conhecidos do público em geral, mostrando ainda o papel da Universidade do Algarve na região. Para o director de antena, «faz parte da rádio ser experimental e passar coisas novas». Sendo esta a «imagem de marca da RUA», a rádio acaba por ser considerada alternativa.

Procurando não ter como único alvo o público universitário e evitando tornar a RUA numa «rádio de jukebox», Pedro Duarte avança uma média de idade dos ouvintes: «entre os 17 e 35 anos». No entanto, admite que a rádio tem ouvintes de faixas etárias mais avançadas, «há muita gente com sede de coisas diferentes, há procura de coisas novas».

A grelha de programação é ocupada por rubricas noticiosas, culturais e musicais dos mais variados estilos mas principalmente por programas de autor. «Temos cerca de 20 programas de autor» refere Pedro Duarte.

Novos hertz mas a mesma frequência

Ao longo dos setes anos muitas foram as vozes que passaram pelos estúdios da RUA. Prova disso é Ricardo Duarte, um dos colaboradores mais velhos, que nos faz entrar semanalmente na «Zona Reagge». O seu programa de autor chega-nos todas as quartas-feiras, entre as 22h00 e a meia-noite, há seis anos, mas como ele diz «só contabilizo cinco, porque é o tempo que há que o faço em directo. Tenho a sorte, desde sempre, de ter conseguido fazer o programa em directo». A sua entrada na rádio coincidiu com a sua entrada no mundo da música como dj, experiência que já ambicionava e que foi possibilitada pela abertura a novos projectos da RUA.

Actualmente existem 20 colaboradores com programas de autor. Entre directos, rubricas e muitos conteúdos, são várias as tarefas que podem ser feitas na rádio, consoante a vontade dos colaboradores e a sua disponibilidade.

Uns vêm por curiosidade, outros por «amor» à rádio, mas poucos são os que ficam. Esse é um dos pontos fracos, pois a RUA FM tem vindo a perder colaboradores ao longo dos anos. Como constata Pedro Duarte, «temos colaboradores desde o início, mas uns já se foram. Uns já trabalham, há alturas em que podem dar mais e outras que podem dar menos. Mas neste momento estamos com 20 colaboradores com programas de autores».

Entram todos os anos entre 15 a 20 formandos na RUA FM, mas apenas uma média de 3 ou 4 colaboradores permanecem ao longo do primeiro ano. Mas eles são mais que números. São a continuação da rádio, são «sangue novo» como diz o director. O ano lectivo de 2009-2010 arrancou, como sempre, com formação na rádio. Foram chegando aos poucos e agora são, ao todo, 15 pessoas, alunos de variados cursos e também quem nada tenha a ver com a academia. Alguns nem conheciam a rádio, como é o caso de Sara, aluna do primeiro ano de Ciências da Comunicação, que diz que está no projecto «para ver como é que funciona», pois sempre gostou de rádio.

A rádio abre as portas a todos os que têm vontade de trabalhar, pois é feita de pessoas para pessoas, e precisa de mais para continuar e com mais qualidade se possível, como defende Pedro Duarte.

A formação serve para dar bases aos que entram, para que comecem a produzir conteúdos. Alguns podem até aspirar a programas de autor, que serão aceites se tiverem «pés e cabeça» e aos quais será dado acompanhamento pelos mais experientes. E a experiência, garante o director, vem com a prática ao longo dos anos.

O espírito que se vive na rua é de entre ajuda e descontraído. A formação, muito divertida, como defende Sara, é a continuidade da RUA, embora Ricardo Duarte considere que a rádio devia ter outra independência económica que lhe permitisse «poder fixar cá mais pessoas remuneradas, porque é isso que faz falta. Pessoas que possam viver disto e que dêem a sua disponibilidade total como colaboradores ao espaço da rua».

Colocando de parte, por enquanto, essa opção, o director diz que esta é a melhor altura para receber novas ondas hertzianas na rádio e novas energias por parte dos mais recentes participantes.

7 anos e 7 dias de celebração

Este marco na história da rádio, tanto para colaboradores como para ouvintes, não podia passar em branco e, por isso, a semana de 23 a 29 de Novembro contará com um programa comemorativo diversificado. Nos dias 24 e 25, a Penha e as Gambelas (respectivamente) serão palco de emissões em directo. Já o dia 26, quinta-feira, será dedicado à reflexão. A partir do Espaço C (Café Esplanada no Teatro das Figuras) será emitida em directo uma tertúlia subordinada à temática «RUA 7 anos depois». O dia 27 é dia aberto: «literalmente com todas as portas abertas», explica Pedro Duarte, às visitas de todos, «inclusive de escolas secundárias». O fim-de-semana dedicar-se-á especialmente à música e ao convívio. Também no Espaço C, no sábado haverá lugar para um show case da banda da Rua, Megafone. Já o domingo será reservado ao já habitual convívio entre os «Ruenses».

O director realça a importância deste encontro: «Porque há tantos colaboradores, os programas são emitidos uma vez por semana, há colaboradores que nem sequer se conhecem. A formação é feita nesta altura para coincidir com esta reunião da família da rua e para se conhecerem. Não só porque automaticamente quem entra conhece a Rua nesta altura de aniversário experiencia verdadeiramente o que a RUA é.

Planos futuros

O aniversário agora celebrado pauta a reflexão do que foi, é e será a RUA. O ano de 2007 foi marcado por problemas financeiros. O financiamento é a principal preocupação dos colaboradores relativamente ao futuro da rádio, onde se espera dar prioridade a programas de cultura e onde o crescimento será a principal meta.

Um dos problemas a resolver é a questão da frequência. «Há pessoas em Gambelas que se queixam que não conseguem acompanhar a nossa frequência. É óbvio que castra a possibilidade da rádio ser ouvida ou não», reconhece Pedro Duarte.

Perante a responsabilidade de representar a Universidade do Algarve, com a ajuda dos novos colaboradores, a Rádio Universitária pretende evoluir para além da condição de frequência experimental. O objectivo passa por promover a componente informativa e garantir uma abertura a novos programas e, assim, seduzir novos ouvintes.

Com sonoridades viradas para o futuro, a RUA FM pretende aumentar o volume e continuar a ser «Uma rádio de Grau Superior».

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