João Guerreiro reeleito reitor com maioria

Por Raquel Rodrigues e Marta Miranda

João Guerreiro foi reeleito reitor da Universidade do Algarve no passado dia 17 de Novembro. Eleito pelo Conselho Geral com 21 votos de 35 possíveis, ganhou com maioria aos seus concorrentes, Helena Pereira, com 7 votos, e Rodrigo Magalhães, com apenas 4 votos. A eleição foi ainda marcada por 2 votos em branco e pela falta de comparência de um dos membros do conselho.

À saída da sessão eleitoral, Fernando Ulrich, Presidente do Conselho Geral da UAlg, considerou que o processo eleitoral decorreu conforme o previsto, sem qualquer incidente. «Tivemos três candidatos muito fortes, com currículos importantes, salientou, acrescentando que «os programas de acção também foram de grande qualidade». No final, a escolha recaiu sobre o Prof. João Guerreiro, que se recandidatou ao cargo após ter sido eleito em 2006 e ter apresentado em Junho passado a sua demissão.

Depois de ter sido informado da sua reeleição, João Guerreiro não deixou de salientar o seu objectivo primordial para a UAlg, promover a internacionalização de instituição, pois segundo afirmou: «temos de alargar os nossos horizontes, de forma a captar estudantes nas áreas em que somos bons. Este salto para fora da região, é fundamental para a afirmação da UAlg».

A internacionalização da instituição não visa só o campo da investigação e da promoção de pós-graduações, mestrados e doutoramentos com universidades de outros países, mas também o alargamento do recrutamento de novos estudantes «a outras regiões da Europa». «Temos protocolos com 150 universidades, mas o que interessa é ter um núcleo duro nas principais áreas de investigação da universidade», salientou João Guerreiro afirmando ainda as suas prioridades para este mandato: «vamos valorizar as ciências do mar, a biomedicina e medicina, o turismo, as energias, as telecomunicações, a literatura e a história».

O reitor reeleito sublinhou também que «esta internacionalização é uma linha de desenvolvimento fundamental para a UAlg para criar dimensão, escala e, no fundo, espessura naquilo que é a nossa investigação. Mas também é uma fonte de financiamento. Não lançamos as linhas de internacionalização com esse fim, mas há esse benefício associado». Todos estes objectivos serão para realizar a longo prazo, pois agora há que reforçar mais o trabalho na estrutura interna da instituição, com o objectivo de fazer cumprir os novos estatutos da UAlg aprovados em 2008.

João Guerreiro está ciente deste trabalho que de ser realizado: «o que teremos de fazer, de imediato, é consolidar a estrutura interna. Temos novos estatutos que ainda estão implantados a meio gás. Temos de aliar todas estas coisas e arranjar os melhores mecanismos para o conjunto dos órgãos funcione na perfeição. Na parte orgânica, isso obriga também a definir e a aplicar um conjunto de soluções informáticas que permitam agilizar o circuito interno de informação. Esta é uma parte pesada que vai tomar boa parte do mandato», apontou.

O Professor revelou ainda que novos projectos e objectivos estão a ser desenvolvidos para a UAlg ao abrigo do contrato que o ministério do Ensino Superior propôs às universidades, referindo «é uma iniciativa que nos permitirá reequilibrar o subfinanciamento das universidades». Nos próximos 30 dias será realizada uma cerimónia onde o actual reitor irá ser reempossado, com data a marcar pelo próprio.

Nos objectivos apresentados, João Guerreiro não esqueceu o seu projecto mais polémico, o de unir os campi universitários de Faro num só, com o objectivo de controlar os gastos e simplificar a estrutura da instituição. Fica no ar a ideia de que esta promessa poderá ser cumprida já neste mandato.

O «nosso» reitor

Por Grethel Ceballos, Sofia Trindade e Vanessa Costa

Dado que nesta decisão os alunos da UAlg não tiveram muito voto na matéria, a Redacção 2.3 foi saber se (re) conhecem o «novo» Reitor João Guerreiro.

O espírito crítico e capacidade de intervenção são ensinados a todos os estudantes a par das matérias, mas mesmo assim há alunos aos quais a eleição para o cargo de Reitor da UAlg passou ao lado, como constatámos. Em oposição a respostas tais como «não conheço» ou um simples «não», hesitações ou ainda jogos de um-dó-li-tá com os três candidatos, encontrámos alunos conscientes do marco decisivo que as eleições representam para a comunidade académica.

Críticas, foram maioritariamente as respostas, mas críticas construtivas, que pretendem guiar o reitor na construção de um espaço que cumpra os requisitos de todos, e no qual todos se sintam bem, para aprender e não só. Alguns alunos estão desanimados com o trabalho do reitor no último mandato, como João Marujo que o considera «um trabalho com pouco pulso porque ele foi basicamente eleito pelos alunos e deixou com que o conselho geral tivesse menos representatividade por parte dos mesmos». Outros esperam que as suas medidas sejam mais visíveis, como comentou Tânia Marques «aguardo que faça alguma coisa que eu veja, que faça alguma coisa e que os alunos tenham noção disso, não é?».

A pergunta desta estudante conduz-nos a outra, «porque é que Gambelas é tão diferente da Penha se todos pagamos as mesmas propinas?», lançada pela estudante Joana Gonçalves e rematada nas palavras de João Marujo, mas presente em todos os estudantes, «espero que ele diminua a discrepância que existe entre as Gambelas e a Penha e respeite a Constituição Portuguesa onde diz “ensino superior tendencialmente gratuito”». Mas não basta reconhecer o reitor, há que identificar as medidas do seu último mandado e julgá-las para que o dever e obrigação de reivindicação para com a universidade seja feito conscientemente.

Mudam-se os tempos, mantêm-se as vontades

Eleito pela primeira vez em 2006, João Guerreiro, em entrevista concedida ao Diário Online, apresentou suas metas a cumprir durante o mandato, que recaíam sobretudo sobre o alargamento da oferta de cursos e pós-graduações. Em plena adaptação ao Processo de Bolonha, as áreas das Energias Renováveis, Artes, Medicina e Língua Portuguesa formavam então as principais apostas para o reitor, «para além de mantermos o que existe, os [cursos] de primeiro ciclo e licenciaturas». O prometido curso de Medicina que, segundo João Guerreiro, «ao fim e ao cabo, trata-se de uma pós-graduação de quatro anos», recebeu em 2009 os primeiros alunos. Embora tenham surgido novos cursos, outros também deixaram de existir. Na altura, João Guerreiro referia que, em relação ao funcionamento interno da UAlg, havia «muito a fazer».

O reitor apresentou sua demissão em Junho de 2008, no sentido de repor a legalidade estatutária do Conselho Geral. Em conversa com o Barlavento e a RUA FM, apontava que a adaptação do seu programa teria sido «perturbada», pelo processo de aplicação do novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES). Nessa mesma entrevista, o reitor defendia que, a nível financeiro, «o pior já terá passado». Quando questionado pelo jornal O Canudo acerca das estratégias que utilizaria para fazer face aos problemas financeiros da UAlg numa reeleição, João Guerreiro reiterou que espera um aumento dos recursos financeiros através do «aumento do financiamento do ensino superior com origem no Orçamento de Estado, da criação de projectos inovadores (…) e da formação de parcerias com o mundo das empresas e das instituições».

O programa de acção para a recandidatura de João Guerreiro orientou-se essencialmente no sentido de atingir dois objectivos gerais - «Concluir a instalação da totalidade dos órgãos» e «Projectar a Universidade». Como prioridades centrais, o reitor revelou a urgência no «acompanhamento e acreditação dos cursos e a preparação das propostas a apresentar ao Programa Erasmus Mundus» e na «adopção da nova estrutura orgânica». Estas metas pretendem-se ver cumpridas através de um Plano Estratégico composto por nove questões, algumas das quais: consolidar a oferta de graus e de diplomas, promover a investigação científica, aprofundar a internacionalização, adoptar uma prática de avaliação continuada, e reordenar os campi da Universidade, melhorar algumas instalações e garantir a manutenção das infra-estruturas.

São estes os planos a cumprir para que a Universidade do Algarve faça história no campo do ensino superior em Portugal. Uma universidade com um passado recente, com um presente reforçado pelo trabalho que reitor e alunos pretendem desenvolver, e um futuro promissor.

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